A investigadora e politóloga Marina Costa Lobo defende que os partidos em Portugal "funcionam acima das possibilidades do país". A conclusão é sustentada num estudo internacional feito em 19 países.
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O estudo que analisou o financiamento de mais de uma centena de partidos em 17 países europeus, e ainda na Austrália e em Israel, demonstra que os partidos políticos portugueses estão entre os que obtêm maior financiamento público, ocupando a quinta posição.
Olhando para os resultados do estudo em que também participou, a investigadora Marina Costa Lobo, conclui que "os partidos em Portugal estão a financiar-se acima das possibilidades do país" e que "tratar agora de repor os cortes, perante a situação em que nos encontramos, não fará muito sentido".
O estudo mostra que os partidos portugueses estão entre os que têm rendimentos mais elevados em percentagem do PIB (Produto Interno Bruto) e também são os que mais dependem de financiamento público para a sua atividade.
"Dependem acima de 70% do financiamento público para o seu rendimento. Isso coloca Portugal no top 5 dos partidos mais dependentes do Estado. Acima de nós estão a Áustria, a Bélgica, a Hungria e a Irlanda, apenas"", afirma a investigadora.
Os números demonstram, na opinião da politóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais, que não faz sentido que o Estado gaste mais dinheiro com o financiamento dos partidos.
O fim dos cortes nesse financiamento tem o apoio do PS e PSD. Marina Costa Lobo diz que "PS e PSD estão muitas vezes de acordo nestas matérias porque são questões corporativas, de proteção dos interesses dos grandes partidos".
Os cortes de 10 % no financiamento dos partidos entraram em vigor em 2013. Se não for aprovada legislação em contrário, acabam de forma automática no final deste ano.