A candidata ao Conselho de Fiscalização das 'secretas' admite que eleição por dois terços "é sempre difícil". PS não fez qualquer pergunta, mas João Soares disse que social-democrata "tem condições".
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"Não podia deixar de ir ao fim só porque alguém quer avaliar o meu trabalho de forma superficial e não o conhece", afirmou Teresa Morais, no parlamento, onde foi ouvida na audição conjunta das comissões parlamentares de Defesa e Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Com o chumbo praticamente certo na corrida ao cargo de membro do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) - órgão independente do parlamento e do qual fez parte entre 2004 e 2011 -, a deputada do PSD admitiu que "a eleição [de amanhã] por dois terços é sempre difícil".
Dizendo-se ciente das "especificidades" do processo, Teresa Morais acrescentou, no entanto, que "não podia de deixar de ir até ao fim" na candidatura a uma função para a qual se sente "vocacionada".
Pelo PSD, Fernando Negrão deixou elogios à anterior passagem da social-democrata pelo Conselho de Fiscalização do SIRP, sublinhando que foi eleita para o cargo por duas vezes "com votos de PSD, CDS e PS".
"Tem idoneidade, tem independência e está no pleno gozo dos seus direitos cívicos e políticos", disse, defendendo que se tratou de uma personalidade "exemplarmente isenta" enquanto membro do serviço de informações.
PS sem perguntas, mas com João Soares a deixar elogios rasgados a Teresa Morais
Pelo PS, que antes já tinha garantido o chumbo à candidatura, Jorge Lacão fez uma breve intervenção, na qual registou a "dedicação" da deputada na passagem pelo SIRP, sublinhando que iria dispensar "questões sobre a idoneidade" de Teresa Morais.
Depois da ausência de perguntas dos socialistas, na resposta, Teresa Morais lembrou que o grupo parlamentar do PS está contra a candidatura e agradeceu ao deputado: "Quero agradecer-lhe (...) Isso, nestas circunstâncias basta-me", disse.
"Parece-me óbvio que tem as qualificações e as qualidades necessárias. Desejo-lhe as melhores felicidades se voltar a ser eleita", afirmou depois João Soares, deputado do PS e membro do Conselho de Fiscalização do SIRP durante três anos, lamentando: "São circunstâncias que não têm que ver com as suas qualificações e qualidades".
Já José Manuel Pureza, deputado do BE destacou os "enormes méritos como deputada e jurista", criticando, contudo, o atual modelo de fiscalização, apelando a uma "desgovernamentalização" dos serviços de informações.
Um modelo criticado também pelo PCP que, por António Filipe, afirmou existir uma "divergência de fundo".
"As pessoas nomeadas merecem o respeito e, por vezes, a critica, mas existe divergência para com o modelo", sublinhou, acrescentando: "Não lhe manifesto o apoio do PCP à sua candidatura como, de resto, não deve ser novidade para si".
Sobre as críticas do PCP, a social-democrata disse respeitar as divergências quanto ao modelo, mas disse ter "dúvidas" de que o modelo que o PCP propõe seja "mais eficaz".
Quanto ao CDS-PP, pela voz de Telmo Correia, confirmou a Teresa Morais "todo o apoio para a sua eleição".
A candidatura da social-democrata para o conselho de fiscalização das 'secretas' vai ser votada, esta quarta-feira, dia 7 de junho.