Já abriu, em Lisboa, o primeiro "cat café" do país. Seis "amigos peludos" prometem mostrar-lhe como é a vida com um gato em casa.
Corpo do artigo
À chegada ao "Aqui há gato", a primeira coisa que salta à vista é um grande "ginásio" para felinos junto à janela do lado esquerdo. Ao sol, três gatos dormem, indiferentes ao que se passa à volta.
A porta abre-se e o cheiro do almoço que se já se prepara na cozinha, leva-nos ao café. Fica do lado direito. Ali, não há sinal de gatos. Eles estão do outro lado, na Biblioteca, separada do café por um vidro de grandes dimensões.
De Biblioteca, arrisco-me a dizer, só quase tem o nome. Porque há apenas uma estante com livros. Livros sobre gatos, mas também grandes obras da literatura portuguesa, como "Os Maias".
O resto do espaço, a maioria do espaço, é ocupada com "coisas de gatos". Camas variadas, "pufes", "túneis", bolas, arranhadores, "ginásios", mantas e... sofás com muitos "sinais" dos felinos que por ali vivem.
Seis gatos à solta
O Bruno e a Bruna são dois irmãos pretos e brancos e vieram de casa de Catarina Mendes, a dona do "Aqui há gato". Os outros quatro foram adotados na Rafeiros SOS, uma associação de proteção aos animais abandonados com a qual o café tem uma parceria.
Há o Baguete, amarelo e cego de um dos olhos; a Nessie, listada, de peito branco, e que sofre de FIV, a sida dos gatos, não transmissível aos humanos; a mesma doença tem o Tomé, que só tem um olho, porque foi obrigado a tirar o outro, depois de um acidente, e também FIV positivo; e a Tâmara, toda preta, mais conhecida como "mini-gata", porque, apesar de adulta, não cresceu o suficiente.
Ao contrário do que acontece noutros cafés do género mundo fora, em Lisboa, não há gatos... no café. Apenas na biblioteca. Isto porque a lei nacional proíbe a presença de animais em lugares onde existem alimentos.
Assim, quem quiser conviver com os gatos, pode frequentar apenas a biblioteca. Paga três euros, que dão direito a uma bebida e a uma hora de "amizade" com os felinos.
Também os caixotes da areia, fundamentais à higiene dos gatos, ficam longe dos olhares dos clientes. Por detrás de uma parede, estão sete caixotes, e o acesso dos animais faz-se através de duas entradas em forma de pequeno arco. Uma para os "meninos"; a outra, para as "meninas".
Adoção responsável
Outra diferença do café de Lisboa relativamente a outras capitais, é o facto de os seis gatos residentes do "Aqui há gato" não poderem ser adotados.
O conceito de "cat café" nasceu no Oriente, como forma de evitar o abandono e incentivando a adoção. O primeiro surgiu em Taiwan, em 1998, mas depressa surgiram estabelecimentos do género um pouco por todo o lado.
Em Portugal, a ideia não é adotar nenhum dos seis que moram no café de Catarina Mendes, porque a saída "repentina" de um dos gatos e entrada de um outro, para o substituir, poderia ser um fator de "stress" para os que ficam.
Por isso, a proprietária explica que, se houver alguém muito interessado em adotar, o café tem um "portfolio" de gatos disponíveis para adoção na Rafeiros SOS e o potencial dono será devidamente encaminhado, de forma a encontrar o gato que procura. E a adotá-lo de forma responsável e totalmente consciente.
Até porque ter um gato implica saber conviver com alguma "desordem" e a ideia do "Aqui há gato" é, sobretudo, mostrar o que é ter em casa um destes animais.