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Já lá vão 6 meses que os maços de cigarros são vendidos com imagens chocantes. Fomos escutar vendedores e consumidores. Regra geral, tirando uma única exceção, todos dizem que o vício ganha sempre.
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Na tabacaria de Manuel Carvalheira, onde se vendem mais de quinhentos maços de cigarros por semana, nada mudou, desde que em maio os pacotes passaram a incluir fotografias chocantes que demonstram as consequências do consumo de tabaco.
Diogo Santos não deixou de comprar tabaco, nem pede para mudar de maço quando vê a imagem chocante no papel. Os anos vividos em Manchester, no Reino Unido, onde conviveu com esta realidade ajudam a minimizar o que sente, mas os que rodeiam Diogo Santos lidam mal com o que vêm, como a mãe, que não suporta olhar para os pacotes.
Nuno Cruz também é fumador e também aceita qualquer maço, mesmo sabendo que não vai gostar do que vai ver.
Noutra tabacaria, José Carreira garante que seis meses depois continua a vender como antes, porque o vício é mais forte que as imagens estampadas.
Gracinda Guerra vende bolsas feitas à mão para guardar os maços, mas têm pouca saída, porque só as mulheres compram e o preço é pouco convidativo, cinco euros cada.
Para não ferir a vista e a sensibilidade, nesta loja, os maços arrumados na prateleira estão deitados e não é por acaso, Gracinda Guerra diz que os clientes "não gostam de ver as imagens".
Daniel Oliveira faz o mesmo no café onde vende tabaco. Os maços de tabaco não estão de pé e até a publicidade com as mesmas imagens está guardada no armazém. Daniel Oliveira faz de tudo para esconder as fotografias e não é o único. Há clientes que também se aplicam, "têm maços antigos. Quando compram um novo mudam os cigarros para o outro".
Carlos Costa é o único comerciante que admite ter desistências no consumo. Conhece os clientes e os seus hábitos e diz que alguns, poucos, compram o jornal, mas já não levam o maço de cigarros que antes compravam.
Por semana, Carlos Costa vende cerca de um milhar de maços de tabaco e continua a ouvir comentários às fotografias. Já lá vão seis meses desde que os maços têm imagens na embalagem, mas as opiniões não pararam.