Na madrugada de sábado para domingo, os ponteiros voltam para trás uma hora. É o Observatório Astronómico de Lisboa que tem a responsabilidade da hora legal, mas a decisão é tomada a nível europeu.
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Cabe ao Observatório fazer com que a hora das atividades do dia-a-dia esteja próxima da hora que se utiliza no relógio para que o corpo humano se ajuste ao ciclo solar.
O tempo de rotação do planeta é medido pela astronomia em função das estrelas no céu. E a mudança de hora é algo que já não está na dependência dos governos de cada país. É a Comissão Europeia que toma essa decisão. "Para harmonizar estas mudanças, todos os países da União Europeia fazem essa transição exatamente no mesmo instante", faz notar Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.
O astrónomo sublinha, no entanto, que as latitudes mais baixas, mais perto do Equador, não têm a mesma necessidade de mudar a hora. Até em Portugal isso se nota: "A Madeira não sente tanto a necessidade fisiológica de ter uma hora de verão". Mas muda a hora para "facilitar a vida às pessoas".
Miguel Meira e Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, considera que "grande parte da população pode ter problemas que advêm da mudança de hora". O médico diz que "o aspeto mais importante do impacto desta alteração da hora é sentido no ciclo sono-vigília".
"O nosso relógio interno regula funções diversas do nosso organismo, como a função gastrointestinal, a função cardiovascular, o stress, a hormona do cortisol, hormonas que são reguladas durante o sono. Ao deslocarmos o relógio social em relação ao relógio interno temos impacto nessas alterações", explica Miguel Meira e Cruz.
Rui Agostinho percebe as críticas à mudança de hora, mas diz que falta uma "visão mais global".
"Em geral, a argumentação tende a fixar-se naquela madrugada em que aquilo acontece ou no dia a seguir, mas depois vão-se esquecendo do impacto com o passar dos meses. A que horas é que o relógio diz que já é de noite, mas o sol ainda está à vista. Ou vice-versa, o relógio diz que são 8 da manhã, temos que ir trabalhar mas as estrelas ainda estão no céu", exemplifica.
A partir deste domingo, quando se levantar cedo da cama, já não há estrelas no céu.