Segunda Circular: "conflito de interesses" é "desculpa" para não perder eleições
Antigo responsável pelas obras da cidade no tempo de António Costa diz que os conflitos de interesses alegados pela autarquia para parar as obras na Segunda Circular são comuns em todo o país.
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Uma "desculpa" ou um "bode expiatório". É desta forma que o antigo vereador da Câmara de Lisboa, Nunes da Silva, com o pelouro da Mobilidade entre 2009 a 2013, classifica o alegado conflito de interesses apresentado como razão para suspender as obras previstas para a Segunda Circular.
A câmara diz que o júri do concurso percebeu que o autor do projeto de pavimentos era também fabricante e vendedor dos materiais que seriam usados na obra.
No entanto, Nunes da Silva acredita que quem lidera a autarquia foi sobretudo alertado para que se avançasse com as obras o PS perdia as eleições, recordando que a cidade já vive num "pandemónio" devido às várias obras em simultâneo, pelo que iniciar trabalhos na Segunda Circular, com o início do ano escolar, seria "caótico".
O antigo vereador diz que os conflitos de interesses agora alegados pela câmara, que não representam qualquer problema legal, são muito comuns na câmara de Lisboa e em muitas autarquias do país.
Nunes da Silva recorda que teve o pelouro das obras na cidade, sabe quem lá trabalha e é "impensável que só passado um ano se descubra que existe um conflito de interesses".
Nunes da Silva acrescenta que o país é pequeno e as pessoas que fazem certo tipo de trabalhos são poucas, pelo que, mesmo com concursos transparentes, é frequente e natural, também em Lisboa, existirem estes casos de conflitos de interesses agora alegados pela Câmara para travar as obras na Segunda Circular.