O relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde conclui genericamente que o impacto da crise e da austeridade no sistema nacional de saúde se mantém e nalguns casos agrava-se.
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Desta vez o Relatório Primavera não incide direta e detalhadamente sobre as políticas do executivo, faz uma retrospetiva dos últimos anos, analisa as desigualdades sociais e algumas falhas das políticas de saúde, por exemplo, na saúde mental.
Na análise das desigualdades sociais em saúde, verifica-se que estas desigualdades, que historicamente sempre foram pronunciadas, foram perpetuadas e agravadas nos últimos anos.
A análise revela também que as desigualdades em saúde continuam a estar intimamente associadas aos fatores socioeconómicos (rendimento, educação, género, exclusão, idade - crianças e idosos). Os riscos de adoecer aumentam exponencialmente com a ausência de escolaridade, na presença de baixos rendimentos ou nos idosos. Continuam a ser os mais pobres os mais doentes, e os mais doentes os mais pobres.
Entre as várias análises do Relatório Primavera do OPSS a saúde mental aparece destacada. As doenças mentais abrangem quase um quarto da população portuguesa. As conclusões apontam para medidas feitas ao zigue-zague ou mesmo ausência de medidas.
Continua a existir uma rede social de apoio limitada e fortes dificuldades na reivindicação de direitos, por parte destes indivíduos e respetivas famílias. A reforma da rede de cuidados de saúde mental continua adiada, permanecendo assim as lacunas operacionais nos Cuidados Continuados Integrados de Saúde Mental, e a ausência de estruturas comunitárias que promovam o suporte social de doentes, cuidadores e famílias, em todo o país.