Ambiente

Evitar incêndios e financiar juntas de freguesia. Em Viseu há um projeto inovador de ecopontos florestais

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É um projeto inovador em Portugal e no mundo. No concelho de Viseu, todas as freguesias vão passar a ter ecopontos florestais para receber os resíduos que resultam da limpeza de mato.

É descrito como um projeto "inovador" e que poderá ser replicado a escala global se correr bem. Em Viseu, serão instalados em todas as freguesias do concelho, no próximo ano, ecopontos florestais, destinados a receber resíduos resultantes da limpeza de matos.

A ideia está a ser desenvolvida pela Câmara Municipal, Juntas de Freguesia e pela Central de Biomassa que entrará em maio em funcionamento no concelho.

"Vamos criar espaços entre meio e um hectare em todas as freguesias devidamente acondicionados e vedados e que têm aqui um objetivo: sensibilizar as populações para recolha dos resíduos, quando se faz a poda das videiras e das árvores", explicou o presidente da autarquia, Almeida Henriques.

Segundo o autarca, os resíduos terão que ser depositados pela população nestes espaços e depois serão retirados pela Central de Biomassa que está a ser construída no concelho. O meio ambiente fica a lucrar, mas também as Juntas de Freguesia.

"Qual é a lógica? É que esta consciência cívica dos cidadãos nas várias freguesias possa permitir criar valor para as Juntas de Freguesia, que passarão a ter ali uma receita que resulta do fornecimento da biomassa", disse.

Quando estiverem a funcionar estes ecopontos, e nas freguesias aderentes, será proibido realizar a queima de detritos, como acontece atualmente.

"Qual é a vantagem? O grande problema dos incêndios de outubro de 2017 foi as queimas que as pessoas fizeram naquela altura", vincou Carlos Alegria, promotor da Central de Biomassa de Viseu, destacando a importância deste projeto inovador.

A nova central de biomassa representa um investimento de 52 milhões de euros e vai levar à criação de 30 postos de trabalho diretos e 300 indiretos.

Na opinião de Carlos Alegria, que é também presidente da Associação dos Produtores de Energia com Biomassa, depois da tragédia dos incêndios em 2017 o país não tem condições para receber novas unidades de produção de energia através de resíduos florestais.

"Não há biomassa, não vale a pena. Estamos todos a gastar dinheiro e depois não temos combustível. Tenho uma central em Oliveira de Azeméis e estou com dificuldades em arranjar biomassa", conclui, acrescentando já ter conversado com o governo sobre este assunto.