Brexit fez diminuir a atração do Reino Unido para os portugueses que procuram trabalho no estrangeiro, apesar de continuar a ser o principal destino da emigração nacional.
O número de portugueses que chegaram, no ano passado, ao Reino Unido para trabalhar é o mais baixo desde 2011.
De acordo com o Ministério do Trabalho britânico, em 2018, estavam inscritos na segurança social cerca de 19 mil portugueses, confirmando-se assim uma tendência de descida registada pelo terceiro ano consecutivo.
Recentemente um relatório do Observatório da Emigração referia que o Brexit fez diminuir a atração do Reino Unido para os portugueses que procuram trabalho no estrangeiro, apesar de continuar a ser o principal destino da emigração nacional.
Portugueses com nacionalidade britânica aumentaram 54% em 2018
Apesar de cada vez menos portugueses procurarem o Reino Unido para trabalhar, o número de portugueses que adquiriram a nacionalidade britânica aumentou 54% em 2018, face ao ano anterior, totalizando 1.905 casos, segundo estatísticas divulgadas pelo Ministério do Interior britânico, esta quinta-feira.
Desde 2013 que a média do número de naturalizações de portugueses no Reino Unido variava entre as 500 e 600, mas em 2017 disparou para 1.234, um aumento de 84% face às 672 contabilizadas no ano anterior em 2016.
Esta evolução acompanha a dos cidadãos europeus em geral, que também aumentou de forma invulgar desde que 52% dos eleitores britânicos votaram num referendo pela saída do Reino Unido da União Europeu (UE).
O número de europeus que se naturalizaram britânicos passou de 13.000 em 2015 para 17.200 (mais 32%) em 2016, 31.826 em 2017 (mais 85%) e 47.597 em 2018 (mais 50%).
Pelo contrário, o número de portugueses que pediram cartões de residência permanente enquanto cidadãos europeus caiu para 17.272 em 2018, um decréscimo de 42% face aos 29.908 pedidos feitos em 2017.
Este documento é necessário desde 2015 para os europeus pedirem a naturalização britânica, porém, devido ao processo do Brexit, as autoridades britânicas anunciaram a sua substituição por um novo regime de residência permanente mais simples.
O estatuto de residente permanente (settled status) é atribuído aos cidadãos, há cinco anos consecutivos a viver no Reino Unido, enquanto que os que estão há menos de cinco anos no país terão um título provisório (pre-settled status) até completarem o tempo necessário.
O sistema só deverá estar totalmente funcional para os cerca de 3,5 milhões de europeus que vivem no país após o Brexit, a 29 de março de 2019, mas nas fases experimentais realizadas foram aprovados mais de 100.000 pedidos, de acordo com o governo britânico.
A data limite da candidatura é de 30 de junho de 2021, se o acordo negociado com Bruxelas for ratificado, ou 31 de dezembro de 2020, se a saída acontecer sem acordo.