José Luís Carneiro adianta que já foram assaltados ou alvo de tentativa de assalto vários estabelecimentos portugueses.
As circunstâncias tornaram-se "gravemente difíceis na Venezuela". É o que diz à TSF, José Luís Carneiro, o secretário de Estado das Comunidades, que tem mantido todos os dias contacto com a rede consular portuguesa em Caracas.
"A situação é cada vez mais difícil. Naturalmente que os cortes consecutivos da energia elétrica, ao longo dos últimos cinco dias, tem provocado problemas muito graves nas condições de vida, que já eram muito difíceis. Agora tornaram-se gravemente difíceis, porque estamos a falar de cortes de energia durante vários dias que conduzem a que, efetivamente, não haja condições para abastecer com água as respetivas habitações e estabelecimentos comerciais, até as próprias estruturas do movimentos associativo. Esta circunstância cria um quadro de pânico, uma grande angústia nos portugueses que lá se encontram e que estão confrontados com estas duras e graves condições de vida."
José Luís Carneiro adianta que já foram assaltados ou alvo de tentativa de assalto vários estabelecimentos portugueses.
"Entre o dia de ontem e o dia de hoje foram contactados vários empresários portugueses, proprietários de micro, pequenos e médios estabelecimentos, foram contactos também empresários do setor da distribuição e conseguimos detetar que houve, pelo menos, cinco estruturas empresariais que foram objeto de assalto ou tentativa de assalto. Houve também casos em que as próprias autoridades policiais e militares deitaram mão àqueles que estavam a procurar destruir essas infraestruturas comerciais e empresariais e a procurar assaltar esses estabelecimentos."
Banco de portugueses inoperacional desde quinta-feira
O Banco Plaza, propriedade de empresários portugueses radicados na Venezuela, está inoperacional desde a passada quinta-feira, dia em que ocorreu um apagão que ainda mantém várias zonas do país às escuras.
A situação, confirmada pela Lusa, tem sido denunciada pela população, com relatos nas redes sociais sobre a impossibilidade de efetuarem pagamentos com cartão de débito ou aceder à página de Internet para realizar transferências.
"Hoje estive no supermercado, queria comprar água, plátanos (banana tropical), sal, café, massa e açúcar, mas o cartão não passou (funcionou). O terminal de pagamentos dizia que o emissor não respondia", explicou a lusodescendente Elizabeth Vieira, em declarações à agência Lusa.
Queixa-se que "desde a passada quinta-feira que o cartão não funciona", o mesmo acontecendo com a central telefónica, pelo que "não há como comunicar-se" com o banco.
"Não tenho nada de água em casa, porque falhou o serviço, desde o apagão. A luz está a chegar por 'ratos' (períodos curtos de tempo) e sobe e desce, temos que manter as coisas apagadas para não avariar. Está-se quase a acabar a comida que tenho em casa e mesmo com dinheiro na conta não posso usar para comprar nada", desabafou.
Vários comerciantes explicaram à agência Lusa que não estavam a aceitar pagamentos com os cartões do Banco Plaza, porque a instituição estava fora de serviço. Acrescentaram que no último fim de semana vários bancos apresentaram problemas, mas que apenas aquela instituição continua inoperacional.
Vários utilizadores recorreram a mensagens na rede Twitter para tentar obter respostas sobre a situação.
"Senhores Banco Plaza, que acontece com a plataforma? Necessito fazer compras e não tenho podido. Por favor agilizem a gestão", escreveu Richie Teixeira.
Por outro lado, Jennifer Arias advertia o banco que "o serviço 'online' não funciona": "Como podemos ter acesso ao nosso dinheiro? Ninguém responde, por favor, urgente", frisou.
Algumas das dezenas de mensagens foram enviadas com cópia à Superintendência das Instituições do Setor Bancário, organismo que supervisiona o funcionamento da banca na Venezuela.
A Venezuela está às escuras desde a última quinta-feira, na sequência de uma avaria na central hidroelétrica de El Guri, a principal do país, que afetou ainda dois sistemas secundários e a linha central de transmissão.
Na segunda-feira, o Governo venezuelano suspendeu as atividades laborais e escolares por 24 horas, período entretanto renovado por mais 24 horas.
Em Caracas, a eletricidade está a chegar a vários bairros, mas de forma intermitente.
O apagão afetou as comunicações fixas e móveis, os terminais de pagamentos e o acesso à Internet.