Bastonário aplaude a iniciativa, mas pede que se vá mais longe.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, saúda a iniciativa da Administração Regional de Saúde do Algarve, que anunciou hoje que vai assegurar residência aos médicos que queiram trabalhar na região durante o período de verão.
Miguel Guimarães considera, em declarações à TSF, que esta é uma boa medida para que se comecem a ver mais médicos no Algarve.
"É bom que as pessoas possam ter a residência gratuita, até porque só vão lá três ou quatro meses, não fazia sentido estarem a alugar uma casa. Iam gastar grande parte do seu vencimento a alugar uma casa, sobretudo no verão, em que são mais caras", nota o bastonário. Ainda assim, há uma ressalva: "Podia ser acompanhado de outro tipo de incentivos para as pessoas poderem aderir em maior número e ajudarem a resolver um problema gravíssimo que o Algarve tem e que é o afluxo de pessoas em grande número no verão."
Para lá do alojamento gratuito, o despacho do Governo permite também aos médicos que possam deslocar-se a partir de outras regiões do país sem autorização prévia do seu serviço de origem. Aqui está, na opinião de Miguel Guimarães, um ponto em que é preciso muito cuidado. Caso contrário, destapa-se num lado para tapar no outro.
"É uma situação prioritária. O médico está, de facto, autorizado superiormente a ir para o Algarve mas tem de haver acordo com a administração, senão pode outro hospital ficar sem gente. Há dois anos, médicos da especialidade de Ortopedia do hospital de Bragança e Macedo de Cavaleiros foram trabalhar para o Algarve nessas condições e, obviamente, ficaram desfalcados em Trás-os-Montes", recorda.
Na linha desta medida, Miguel Guimarães defende uma discriminação positiva de salários, e não é só para levar médicos para onde fazem mais falta. Para isso, recorda uma medida tomada pelo anterior ministro da Saúde.
"Houve 300 vagas chamadas de carenciadas - com melhor remuneração, mais dias de férias, melhores condições e alguma promessa de que a sua progressão na carreira seria mais rápida - e foram totalmente ocupadas. Dir-se-ia que, se tivessem aberto 400 ou 500, também teriam sido ocupadas. Acho que o ministro das Finanças não tem permitido que se abram mais vagas ditas carenciadas", defende o bastonário dos médicos, referindo-se a Mário Centeno.