Política

Geringonça está viva, questão das assinaturas está morta. Rio chuta para canto

Tiago Petinga/Lusa

PS, PCP, BE e PEV uniram-se para que o Parlamento só volte a debater Tancos depois das eleições, mas o discurso de Rui Rio não se tornou mais agressivo. Tancos, tal como a questão das assinaturas fantasma no PSD, é assunto encerrado para o PSD.

Rui Rio só diz que concorda com Fernando Negrão. Mais não. Rio Rio comentou sem grande barafusta a decisão da conferência de líderes parlamentares, que marcou o debate pedido pelo PSD sobre Tancos em Comissão Permanente da Assembleia da República para a próxima quarta-feira, já depois das eleições legislativas.

"Tancos já foi muito debatido na campanha eleitoral, passámos o debate para sede própria, o Parlamento e o Parlamento entendeu, por força da esquerda, que seja para a semana e assim será. A maioria decidiu."

"Entendo que o Fernando Negrão tem razão quando diz que ainda era útil que esse debate se fizesse antes da decisão dos portugueses relativamente ao voto que vão ter, entenderam que não, também ninguém vai morrer por isso", reforçou.

Esta manhã Fernando Negrão lamentou que o Parlamento fique "cego, surdo e mudo" face a este caso e o líder do partido escusa-se a tecer mais comentários.

"Estou de acordo com Fernando Negrão mas não vou fazer um barulho incrível só porque não há debate", reiterou, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à fábrica PECOL, em Águeda, depois do almoço na cantina. "Já falamos muitos sobre Tancos, não mais há nada à dizer"

Questionado sobre se a decisão da conferência de líderes prova que a Geringonça está viva, Rui Rio não aproveita a alavanca para subir o tom - "sim, para este efeito esteve viva", diz. Sobre os partidos de esquerda, apenas nota daquilo que tem vindo a repetir "Se for necessário farão seguramente a Geringonça outra vez. É a minha convicção."

E sobre a questão das assinaturas fantasma no PSD ainda menos palavras. "Andamos em campanha e é preciso ter um tema todos os dias, o que não é fácil. O PS viu ali um nicho de oportunidade e agarra aquilo", mas a questão foi clarificada e "nasce e morre na mesma altura, não tem significado nenhum".

E se no discurso Rio não levanta ondas, na Ria de Aveiro foi uma "Onda Colossal".

Coincidência ou não, este foi o mesmo moliceiro no qual passeou o seu antecessor, Pedro Passos Coelho, na campanha para as legislativas de 2015.

Rio tem Centeno no bolso. E na mala?

A tarde em Aveiro terminou com "Conversas no Feminino", mais uma talk com perguntas e respostas, desta vez dirigidas a Rui Rio e Joaquim Sarmento.

O debate ainda começou com um "boa tarde a todas e a todos", mas de feminino estas conversas quase só tiveram do facto de serem mulheres a colocar as perguntas. Todas as questões pareciam sair à medida de Joaquim Sarmento. O 'Centeno de Rui Rio' pôde, assim, explanar os números do programa social-democrata, desculpando-se: "os economistas são as pessoas mais enfadonhas à face da terra".

Rio pediu aos seus economistas "um programa ambicioso e realista" com "um eixo central: a competitividade da economia portuguesa". Tudo com os pés assentes na terra, a partir do terreno. "Não partimos de uma folha em branco", fechados no gabinete, assegura Joaquim Sarmento.

E eis que Rui Rio leva a mão ao bolso. Recebeu através do telemóvel a notícia de que Mário Centeno "ainda está a espera de resposta".

"A resposta é Álvaro Almeida, se ele não gostar do A, passamos para o B, para o C, até ao Z", reiterou o presidente do PSD. "Já me tinham pedido para tirar Tancos da campanha, agora dizem que não sou eu que posso decidir quem é o candidato para debater".

"Então vou mandar uma carta ao líder do PS para ele dizer quem do lado do PSD vai debater com o dr. Mário Centeno", gracejou.

Para Rui Rio, Mário Centeno "fica mal na fotografia" em esquivar-se ao debate. Mas diz compreender o porquê: Os socialistas "já perderam muita coisa esta semana", é melhor não arriscar perder mais uma. Fica o apelo: "Ainda tenho esperança, ainda temos 24 horas" para marcar um debate para sexta-feira, antes do dia de reflexão.

Houve ainda tempo para discutir onde se comia a melhor francesinha do Porto e os dois sociais-democratas lá lançaram nomes de restaurantes, muito aplaudidos. Perguntou-se ainda o que é essencial levar na mala de campanha. No caso de Rui Rio magnésio, vitamina B3 e várias camisas e gravatas - para não correr o risco de misturar bolinhas com riscas.

Música para o stress

O dia começou a junto à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, ou não fosse esta uma casa laranja. Feira deu a maioria absoluta ao PSD nas eleições de 2017, mas poucos saíram à rua para se juntar à comitiva, exceção feita às pessoas que, já à distância, esperavam por Rui Rio.

Fez-se a romaria, café sim, café não, joalharia sim, loja do chinês não. E pelo caminho a comitiva encontra aqui e ali um lesado do BES pronto a culpar os socialistas pelo seu infortúnio. E por falar em dinheiro, quer Rio meter as mãos na massa? "Se há característica minha é não meter a mão na massa". Isso fica para Joaquim Sarmento...

Valeu a música, apesar da dicotomia de géneros. Para fazer ouvir o tradicional "paz, pão, povo e liberdade" uma gaita-de-foles teve de competir com a nova canção da JSD.

"Não há investimento/Há cativações/Provocaram sofrimento e preocupações/Venderam o futuro/Das novas geraçõoooes. "

Tudo ao gosto de Rui Rio, que mais tarde, em Aveiro, confessou: "Quando estou mais stressado gosto e ouvir uma música mais alegre."

Já o histórico social-democrata Ângelo Correia, antigo ministro da administração interna do governo de Pinto Balsemão, juntou-se à campanha sem stress, com esperança na vitória.

Ângelo Correia confidenciou aos jornalistas que "há um mês" mostrar-se-ia "cético", mas mudou de ideias "desde há uns 15 dias", dada a postura de Rui Rio nos debates na televisão e na rádio.

Notícia atualizada às 20h02