Indonésios têm sido assustados por "fantasmas" para se manterem dentro de casa e longe do vírus.
A vila de Kepuh, na Indonésia, tem sido assombrada por fantasmas recentemente, com figuras brancas misteriosas a saltar para cima de transeuntes e, de seguida, a deslizar para longe sob um céu iluminado pela Lua cheia. Por lá são os "fantasmas" quem têm patrulhado as ruas, esperando-se que uma superstição antiga mantenha as pessoas dentro de casa e em segurança, longe do novo coronavírus.
"Queríamos ser diferentes e criar um efeito dissuasivo com os pocong, que são assustadores", explicou à Reuters Anjar Pancaningtyas, chefe de um grupo de jovens da aldeia que pôs a esta ideia pouco convencional em prática, em conjunto com a polícia, para promover o distanciamento social à medida que a Covid-19 se espalha.
Conhecidas como "pocong", estas figuras fantasmagóricas aparecem envoltas em lençóis brancos e com os rostos cobertos com pó da mesma cor. Na cultura indonésia representam as almas presas dos mortos.
No entanto, quando os pocong começaram a aparecer nas ruas este mês, tiveram o efeito oposto. Em vez de se manterem dentro de casa, as pessoas começaram a ir para as ruas, para terem a hipótese de ver um dos fantasmas. Desde então, os responsáveis por esta ideia mudaram de estratégia, criando patrulhas pocong surpresa, com voluntários da aldeia no papel de fantasmas.
Para conter a pandemia, o presidente Joko Widodo aconselhou as pessoas a manter o distanciamento social e a boa higiene. Contudo, algumas comunidades - como é o caso desta aldeia - decidiram tomar medidas com as próprias mãos, impondo patrulhas fantasmagóricas, bloqueios e restringindo os movimentos dentro e fora das aldeias.
"Os moradores ainda não têm consciência de como conter a propagação da doença Covid-19. Eles querem viver normalmente, por isso é muito difícil para eles seguirem as instruções e ficarem em casa", afirmou o chefe do grupo de jovens da aldeia.
Há, atualmente, 4241 casos confirmados e 373 mortes pelo novo coronavírus na Indonésia. Um grupo de investigadores da Universidade da Indonésia estimou que, até maio, pudessem haver 140 mil mortes e 1,5 milhões de casos se não existissem duras restrições de circulação.
"Desde que os pocong apareceram, pais e filhos não saem de casa e as pessoas não se reuniram mais nas ruas após as orações noturnas", acrescentou Karno Supadmo, um morador da vila de Kepuh.