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Eleições na Câmara dos Deputados decisivas para futuro de Bolsonaro

Sebastiao Moreira/EPA

Segunda-feira, os parlamentares escolhem o novo líder, entre um defensor e um opositor do governo. Caso ganhe este último, o impeachment entra, em força, na agenda

Os deputados brasileiros elegem nesta segunda-feira o novo presidente da Câmara dos Deputados que, além de ser a terceira figura na linha sucessória do país, só atrás de presidente e vice-presidente, ainda é quem decide sobre o futuro dos mais de 60 pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, por ora, guardados numa gaveta.

E os dois principais candidatos ao cargo são, assumidamente, a favor e contra o governo.

De um lado Arthur Lira, do Partido Progressista, apoiado por Bolsonaro, e representante do chamado "centrão", o punhado de partidos que está sempre a favor do governo, seja ele de esquerda, de direita ou de extrema-direita, como o atual, desde que receba em troca desse apoio cargos e fatias do orçamento de Estado.

Do outro, Baleia Rossi, que é do Movimento Democrático Brasileiro, o mesmo partido de Michel Temer, por exemplo, mas que conta com o apoio de toda a oposição incluindo do PT, de Dilma Rousseff, a presidente que se sentiu traída pelo seu então vice. Baleia já prometeu analisar, um a um, cada pedido de impeachment, ao contrário do presidente cessante, Rodrigo Maia, que, embora seja opositor de Bolsonaro e patrocinador da candidatura de Baleia, não sentiu haver condições para avançar com o impedimento do presidente nos seus mandatos.

Agora, no entanto, essas condições aumentaram. Só no último fim de semana, apesar das medidas de distanciamento social, realizaram-se manifestações pro-impeachment impulsionados por grupos de esquerda, o que não chega a ser novidade, e de direita - o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua, organizações que contribuíram para a queda de Dilma, desta vez, uniram-se a pedir o fim do governo de Bolsonaro.

A condução recente do combate à pandemia, considerada catastrófica depois de em Manaus morrerem pessoas por falta de respiradores nas últimas semanas e da demora na chegada da vacina ao país, soma-se a supostos 26 crimes de responsabilidade de Bolsonaro. A Ordem dos Advogados do Brasil já admitiu estar por isso a analisar as bases jurídicas para um eventual pedido de impeachment a ser votado pelos congressistas.

Na eleição da câmara, que é por voto secreto, o que dificulta a disciplina partidária e facilita traições de última hora, há mais seis candidatos sem esperança de vitória, entre os quais o ator Alexandre Frota, que de aliado passou a opositor de Bolsonaro.

E no Senado também há eleições, com favoritismo de Rodrigo Pacheco, do Democratas, que conseguiu o prodígio de reunir apoios dos bolsonaristas e do PT.