Política

PSD vai "pensar a sério" sobre necessidade de adiar as autárquicas

Tiago Petinga/Lusa

Rui Rio reuniu-se com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para discutir a renovação do estado de emergência.

O líder do PSD, Rui Rio, admite que o partido vai "pensar a sério" sobre a necessidade de um adiamento das eleições autárquicas, previstas para setembro ou outubro de 2021, remetendo uma posição para os "próximos dias".

Numa conferência de imprensa após reunião com o Presidente da República, que decorreu por videoconferência, sobre a renovação do estado de emergência, Rio alertou para a necessidade de "ter uma posição sobre isso e decidir rapidamente".

"Obtivemos ontem, no Infarmed, alguns dados que não tínhamos antes relativamente às perspetivas de vacinação, às projeções da evolução da doença face ao passado versus o confinamento", sublinhou.

Face a estes dados, o PSD ainda não se decidiu, mas "decidiu outra coisa: decidiu rapidamente refletir sobre isso e ter uma posição, isso é imperativo".

Rio disse não querer "dizer já, a quente, sim ou não" sobre um eventual adiamento, mas garantiu que "nos próximos dias" o partido terá uma posição sobre este assunto.

Questionado se essa reflexão poderá exigir a convocação de um Conselho Nacional do partido, Rio respondeu que não o considera necessário.

"Também não é matéria que mereça um Conselho Nacional, é uma reflexão que nós vamos ter de fazer, já estou a fazer, aliás", reconheceu o líder do PSD. "Tenho de ouvir mais pessoas e o sentimento global dos autarcas e dirigentes do PSD, mas não carece de grande formalismo."

Esta quarta-feira, duas distritais do PSD - Guarda e Viana do Castelo - pediram uma avaliação no sentido de adiar as eleições autárquicas. Com a campanha eleitoral a começar muito antes, e perante a possibilidade de atraso na campanha de vacinação, as duas distritais defendem que seria melhor adiar as eleições por seis meses.

O PS, pelo presidente da Associação Nacional de Autarcas socialistas, reagiu a esse pedido para considerar que é "claramente extemporâneo".

Rio quer ver definidos "os números em que se desconfina"

Rui Rio defendeu, também nesta conferência de imprensa, que o confinamento deve manter-se até se atingir o número de infetados e risco de transmissão definidos por técnicos, e reiterou o voto a favor do estado de emergência.

"Continuar com o estado de emergência é indiscutível, definir os números em que se desconfina - número de infetados e valor do R [indicador que mede o nível de transmissão] - e preparar desde já a testagem em massa, diria eu, preferencialmente através da saliva, se tecnicamente for viável", defendeu.

Questionado se o país poderá ter de confinar durante mais dois meses, como admitiu o Governo, o líder do PSD reiterou que o importante será definir previamente os critérios com base nos quais o país poderá desconfinar, escusando-se a avançar ele próprio com números - "não sou técnico" - e apontando a intervenção do epidemiologista Manuel Carmo Gomes na terça-feira, na reunião do Infarmed, como um exemplo.

Rio diz concordar com a ideia do epidemiologista, que sugere "definir as linhas que nos fazem atuar", um número "a partir do qual sabemos que estamos confinados e dali para trás" há desconfinamento, seguido de testagem "em massa".

Acompanhado pelo vice-presidente do PSD André Coelho Lima, Rio afirmou que "naturalmente" o partido votará na quinta-feira a favor da renovação do estado de emergência, como fez sempre.

"Votámos sempre a favor conscientes da gravidade situação em Portugal, não tinha qualquer lógica não o fazer agora", salientou.

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