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O Índice de Saúde Sustentável é uma avaliação do SNS na ótica do utilizador que mede a satisfação, confiança, preço e eficácia.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) caiu no ano passado 17,8 pontos no Índice de Saúde Sustentável publicado pela NOVA-IMS Information Management School e coordenado pelo professor catedrático Pedro Simões Coelho. A Covid-19 surge como principal fator de queda comparativamente a 2019. Os números e as explicações do índice que mede anualmente a evolução da sustentabilidade do SNS e o respetivo contributo para o estado de saúde dos portugueses são revelados esta terça-feira na 9ª Conferência Abbvie/TSF/DN que decorre no Museu da Fundação Oriente, em Lisboa.
O estudo repete o aumento de 7% na despesa do SNS, já oficialmente divulgado, mas também sublinha a queda significativa do déficit em 53% devido à redução de 15% da dívida vencida do SNS. Apesar do "afundanço", o serviço mostrou capacidade de resiliência e evidenciou dois pontos já refletidos em anteriores estudos, mas que se tornaram ainda mais prementes durante a pandemia: a importância do Serviço Nacional de Saúde e a necessidade de maior investimento no sistema.
O Índice de Saúde Sustentável é uma avaliação do SNS na ótica do utilizador que mede a satisfação, confiança, preço e eficácia. São evidenciados os pontos fortes e fracos do sistema, assim como possíveis áreas prioritárias de atuação. Entre os parâmetros analisados está também o impacto dos custos da saúde pública (atividade, despesa, dívida) e a qualidade (técnica e percecionada). O universo para esta sondagem da NOVA-IMS Information Management School foi constituído por mais de 8 milhões de pessoas. Foi feita uma amostra probabilística e fizeram-se 503 entrevistas a pessoas com mais de 18 anos selecionadas a partir de uma base de números de telefone, fixos e móveis.
À pergunta: o Serviço Nacional de Saúde tem respondido de forma eficaz à pandemia da Covid-19? 73% dos inquiridos disseram que sim, ainda que cerca de um quarto dos portugueses tenha deixado de recorrer ao SNS por sentir receio devido aos efeitos da Covid-19. Neste aspeto o setor privado ganhou terreno comprovado pelos 18% dos portugueses que recorreram a esses serviços em alternativa e por entender que houve falta de resposta do setor público.
A média de faltas ao trabalho em 2020 motivadas pela pandemia foi de 15 dias, mas o impacto no absentismo poderia ser mais elevado sem os cuidados prestados pelo SNS. Neste caso a ausência laboral foi reduzida em quase 3 dias. No conjunto de dias faltados ao trabalho a média foi de 7,4, o que corresponde a cerca de 3% do tempo trabalhado. Se não tivessem sido prestados cuidados de saúde a média teria aumentado para 10,3, ou seja cerca de 4,5% do tempo trabalhado. O valor económico desta diferença considerando salários e níveis de produtividade traduziu-se em poupanças de 3,5 mil milhões de euros. Esse é um dos pontos fortes do SNS revelados pelo Índice de Saúde Sustentável. Quanto aos valores investidos pelo Estado no sistema os resultados apurados pelo estudo indicam um retorno de 6,8 mil milhões de euros para a economia portuguesa.
Qualidade técnica continua a baixar, mas cidadãos percecionam melhores serviços
A eficácia global do Serviço Nacional de Saúde melhorou ligeiramente em 2020 comparativamente ao ano anterior na avaliação dos contributos para o estado de saúde dos cidadãos e para a qualidade de vida, mas a facilidade de acesso aos cuidados e os tempos de espera foram considerados pelos utentes como áreas prioritárias para atuação e consequentemente um ponto franco no capítulo da Satisfação e Confiança. Por outro lado, os profissionais de saúde continuam a ser um ponto forte do SNS e a valorização desses profissionais como algo a não descurar no sistema.
Comparativamente ao ano passado a perceção da qualidade dos serviços melhorou na maioria das determinantes avaliadas, mas, em contraponto, a qualidade técnica continuou a baixar. A queda foi de 3,1. Este último parâmetro foi validado e ponderado por um grupo de peritos que analisou 13 indicadores referenciais entre outros a percentagem de fraturas da anca, a mortalidade por AVC e as cirurgias em ambulatório.
Em síntese, o Índice de Saúde Sustentável caiu em 2020 de 101,7 para 83,9 pontos devido à Covid-19, mas as previsões indicam que não fosse a pandemia, o SNS teria alcançado o nível de 103,6 registando uma ligeira subida como vem acontecendo nos últimos anos.