Para pouco, na verdade. Mas sobretudo para que António Costa coloque na linha da frente não um, mas quatro putativos sucessores, ou seja, nenhum. Vamos aos momentos.
Os socialistas reúnem-se em conclave este fim de semana, em Portimão, no fim das férias de António Costa e com o país ainda a ser dirigido pela ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva. É um congresso estival em direção ao sunset das eleições autárquicas, que uma parte da direita, mais do que para a esquerda, espera vir a ser a despedida de Rui Rio da liderança do PSD.
Para o ato eleitoral de 26 de setembro, e depois dos resultados extraordinários de há quatro anos, a ambição cabe numa folha de Excel e o futuro quantifica-se em poucas linhas, como não se têm cansado de repetir os dirigentes socialistas: manter a presidência da Associação Nacional de Municípios, evitando fugir a números concretos, sem leituras nacionais, essas ficam para a oposição; elencar o futuro auspicioso com a oportunidade única proporcionada pelos milhões que começam a chegar da Europa.
O primeiro-ministro e secretário-geral tratou, à partida, de tentar conter outros danos. Em entrevista ao Expresso, sossegou os ministros afastando as nuvens de uma remodelação, anunciou um tabu negando-o e atirando para 2023 uma decisão sobre a sua recandidatura, sem deixar de estender as pontes para que o próximo Orçamento do Estado possa ser aprovado pela esquerda.
O fator contraditório, aberto no congresso da Batalha por Pedro Nuno Santos, é diluído, parecendo que o pano do palco está aberto. Ao lado do primeiro-ministro, sentam-se Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva, Fernando Medina e, claro, o já citado Pedro Nuno Santos.
Parece tudo em paz. E estará. Até quando António Costa quiser ou a direita se refizer. Mas isso são outros congressos.