Saúde, salário e clima são os principais temas do BE, que pede "força à esquerda" para evitar que a direita volte ao Governo.
Num tempo de impasse político, e com fragilidades que se agravaram com a pandemia, o Bloco de Esquerda (BE) apresenta o programa eleitoral para fazer frente às conversas da governabilidade depois das eleições, e do possível bloco central entre PS e PSD.
Catarina Martins lamenta que "se fale pouco de programas eleitorais", porque "o que se pretende fazer com o país" é o que está em causa a 30 de janeiro.
"Há muita gente que se lembra do que é uma maioria absoluta do PS, e do que é um Governo de direita. Por isso, tenho a certeza que há muita gente sabe que é com a esquerda que vai ter soluções para a saúde, trabalho, educação e clima, e é essa disputa que temos de fazer", aponta.
Saúde, salário e clima são os principais temas do BE, com Catarina Martins a pedir um programa de combate ao trabalho informal para o fim dos trabalhadores precários. O partido assegura que são medidas para avançar à esquerda, porque "a direita tem apostado num discurso de perseguição aos mais pobres".
A coordenadora do BE lança ainda uma mensagem para o PS, que ainda não clarificou se está ou não disponível para viabilizar um governo do PSD, depois de Rui Rio ter admitido que "para o bem estar nacional" os social-democratas viabilizam um Executivo minoritário liderado por António Costa.
"Um partido que diz que tanto pode fazer acordos à direita ou à esquerda, está a dizer o quê? Vai fazer o quê pelo país? Pedimos força à esquerda porque queremos mudar a legislação do trabalho para equilibrar a balança e ter salários dignos em Portugal", aponta.
Catarina Martins acrescenta que "quem governar com a direita está a abdicar de salários dignos" em Portugal.
Já quanto ao Serviço Nacional de Saúde, o BE quer concretizar finalmente a lei de bases da saúde, "porque o PS falhou". E no trabalho, o objetivo é terminar com o rendimento social de inserção. As medidas foram discutidas com o Governo nas negociações para o Orçamento do Estado, que levaram à queda do Governo.
A coordenadora do BE lembra, no entanto, que a 30 de janeiro, as eleições não são sobre a viabilização de orçamentos: "O que queremos é abrir um novo ciclo político, e que com a força da esquerda se debata um programa de Governo para uma legislatura".
Catarina Martins reforça que o país "não precisa de mais impasses, mas sim de soluções", e apresenta um programa com "razões fortes e compromissos claros" para os próximos quatro anos.
O partido aposta ainda na criação de um serviço nacional de cuidados, com respostas sociais públicas na infância, velhice e dependência, como as creches, ao abrigo da alteração da lei de bases da segurança social.
Já na habitação, o objetivo é recuperar os contratos mínimos de cinco anos e aplicar um teto máximo de rendas, "porque em Portugal a habitação é a lei da selva".
Catarina Martins adiantou ainda que o BE vai avançar com uma proposta para criminalizar quem faz transferência para as offshore.