Sociedade

"Nova normalidade." Especialista propõe vigilância "detalhada" da Covid e de outros agentes respiratórios

José Coelho/Lusa

Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), propôs, durante a reunião da Infarmed, uma vigilância "mais detalhada" não só da Covid-19, mas também de outros agentes respiratórios semelhantes, como a gripe.

A investigadora Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), explicou, na reunião do Infarmed desta quarta-feira, que Portugal irá "entrar a curto e médio prazo" na "vigilância na fase de recuperação da pandemia".

Ana Paula Rodrigues sublinhou, durante a sua intervenção, a alteração do padrão epidemiológico. Apesar de uma alta transmissibilidade, a investigadora referiu que há uma "menor gravidade" da doença e "um menor impacto" nos serviços de saúde e da mortalidade.

Por isso, a investigadora defendeu, perante a audiência, uma continuação da vigilância, com foco nas situações "que podem ser uma ameaça".

Com o alívio de medidas, "não vai ser necessário identificar todos os casos de infeção como temos estado a fazer". "A estratégia de testagem vai mudar, com o foco nos casos de doença mais grave."

A especialista propôs uma vigilância "mais detalhada" não só da Covid, mas também de outros agentes respiratórios semelhantes, como a gripe.

"Assim, teremos potencial capacidade de monitorizar a doença ao longo do tempo, bem como a sua gravidade", explicou, acrescentando que será também possível "identificar fatores de risco para a doença grave", de "novas variantes da Covid-19 e da gripe sazonal".

"Será também possível monitorizar a efetividade das vacinas e de medicamentos antivirais que venham a ser usados", disse, durante a intervenção na reunião do Infarmed.

"Ao olhar para um quadro clínico, podemos identificar padrões anormais nas doenças respiratórias", esclareceu, referindo que esta proposta trata-se de "uma organização em rede, dinâmica, com diversas parcerias e comunicação para que haja sinergias na obtenção de toda a informação".

Na linha da frente estarão unidades de saúde e instituições do Ministério da Saúde "para uma coordenação nacional".

Apesar de este modelo proposto ter um foco nas formas mais graves da doença, "é importante vigiar todo o espetro de infeções para uma perspetiva global de toda a realidade, desde as formas assintomáticas até à mortalidade".

Para esse objetivo ser atingido, Ana Paula Rodrigues reforçou a importância da realização de inquéritos serológicos periódicos, da vigilância participativa e das águas residuais.

"Além desta monitorização, há populações de maior risco e vulneráveis que vão precisar de uma vigilância mais próxima", concluiu.

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Carolina Quaresma