Política

BE reclama menos de 5% da folga orçamental para evitar fecho de portas na cultura

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda Manuel de Almeida/Lusa

Catarina Martins passou a manhã em reunião com agentes culturais que ficaram fora dos apoios sustentados do Estado e deixa o alerta de que várias estruturas correm riscos reais de fechar portas. Resolver o problema é possível com menos de 5% do total da folga orçamental que o governo tem para este ano, defende Bloco de Esquerda.

É o tudo ou nada para muitas estruturas culturais do país que, fora dos apoios estatais, correm riscos reais de fechar portas já a partir de janeiro. Para que tal não aconteça, Catarina Martins reclama menos de 5% da folga orçamental que o governo tem e que até acredita estar subavaliada.

"Mesmo que acreditemos que são só aqueles mil milhões de euros, menos de 5% da folga que o governo já anunciou que tem chegavam para apoiar todas as estruturas que tiveram boa avaliação por parte dos júris, em todas as áreas artísticas e em todo o território nacional nas mais diversas modalidades de apoio", defende a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Notando que "estamos a falar mesmo do fim de estruturas que são fundamentais no acesso da população portuguesa à cultura e na afirmação de Portugal no mundo do ponto de vista artístico", Catarina Martins lembra que há casos em que o apoio do Estado serve de impulso para que estas estruturas possam ter direito a outros apoios, como é o caso das autarquias.

Além disso, as críticas ao ministro Pedro Adão e Silva não se fazem esperar. Desde logo, porque tendo sido aprovado um requerimento na Assembleia da República, o ministro espera pela audição regimental, depois pela falta de diálogo com estas estruturas que correm riscos de fechar portas.

"Pergunto-me: porque é que o ministro da Cultura não faz o mesmo que eu fiz hoje? Ouvir estas estruturas para que elas expliquem o que é que aconteceu, para que lhes expliquem quais os danos ao nosso país desta decisão absurda de abrir um concurso com critérios que não tem depois financiamento para cumprir os próprios critérios que governo decidiu", nota Catarina Martins.

Questionada sobre a atuação do ministro, sobretudo pelas expectativas criadas pelo setor de que com a mudança na tutela os problemas poderiam ter uma nova resposta, Catarina Martins deixa uma farpa: "Achar que a política cultural se resolve com relações públicas é um erro, resolve-se com uma visão para o país emancipatória de cultura, de criação e de arte, e resolve-se com orçamento. É isso que falta. Podemos rodar os ministros que quiseremos, mas se não houver compreensão de que a cultura é um serviço público que faz o país, é também qualificação, é também desenvolvimento, é também democracia e se não houver os meios nomeadamente orçamentais para que o país possa funcionar, enfim, tudo o resto é um péssimo número de propaganda".