O primeiro-ministro apresentou proposta sobre o que "deve ser a União Europeia" e acredita que criará menos "momentos de tensão" e "repetidas situações de bloqueio".
O primeiro-ministro português, António Costa, admitiu esta sexta-feira que a integração da Ucrânia e da Moldova na União Europeia será o "alargamento mais desafiante de sempre" e aproveitou o Conselho Europeu para apresentar "a visão do que deve ser" a comunidade europeia.
"O debate insurgiu bastante no maior desafio da União Europeia para a próxima década, que é o alargamento. Seja por imperativo legal, seja por questões geopolíticas, essas negociações com a Ucrânia e a Moldova devem iniciar-se assim que a Comissão Europeia dê luz verde e também deve-se concluir a negociações que tem em aberto com os países dos Balcãs ocidentais. Trata-se seguramente do alargamento mais desafiante que a União Europeia porventura desde sempre", disse o primeiro-ministro no final da reunião do Conselho Europeu que decorreu em Granada, Espanha.
Para que isso aconteça da melhor forma, António Costa defende que "não só" a Comissão Europeia deve "acompanhar, vigiar e relatar o esforço que esses países fazem para poderem cumprir os critérios de adesão à União Europeia", mas que os próprios países façam o "trabalho de casa necessário para acolher novos estados-membros".
O primeiro-ministro considera que "é fundamental" alterar a "arquitetura institucional e orçamental" da comunidade europeia: "Tive a oportunidade de apresentar um primeiro desenho da nossa visão do que deve ser a União Europeia, que a vemos como um edifício multifuncional que assenta em fundações sólidas, que são os nossos valores comuns, que têm um amplo espaço comum onde todos estamos, que tem um mercado interno, as quatro liberdades, a política de concorrência, a política comercial, e a união aduaneira, e depois tem um conjunto de espaços que cada um utiliza de acordo com a sua vontade de participar ou não."
Segundo António Costa, esta é "uma enorme oportunidade para ultrapassar várias das dificuldades" da União que passam por "alguns estados-membros, como Portugal, que querem ir mais longe na cooperação, outros que querem que fique tudo como está e haver mesmo muitos estados-membros que não se sintam confortáveis no nível de integração" já atingidos.
"Criaremos menos momentos de tensão entre os estados-membros e, sobretudo, teremos menos riscos de novas roturas dentro do quadro da União ou termos repetidas situações de bloqueio, como temos neste momento no Conselho, onde a parte das migrações mais uma vez não pôde ser aprovada, visto dois estados-membros não terem dado o seu acordo a este ponto", concretiza.