A participação de Angola na Taça das Nações Africana (CAN) tem gerado entusiasmo. O técnico português que lidera a seleção de Angola aponta ao jogo dos oitavos de final com os vizinhos da Namíbia.
Pela primeira vez, a seleção de Angola terminou uma fase de grupos da Taça das Nações Africanas com duas vitórias. O treinador português que comanda a seleção dos palancas negras admite que o clima de festa entre os adeptos contagiou os jogadores. Mas Pedro Soares Gonçalves sabe que é preciso parar, reagrupar, e encarar o jogo dos quartos de final como uma oportunidade para inscrever o nome na história e levar a seleção da Angola pela primeira vez aos quartos de final no formato de seis grupos.
“Quero parabenizar o povo angolano que tanto nos apoiou e que está sedento de bons resultados. Este é um momento de celebração, mas não de euforia. É um momento de exaltação nacional em Angola e fico muito satisfeito por isso. Quero ainda parabenizar as nossas congéneres de Cabo Verde, mas também da Nigéria e do Egipto, orientadas por treinadores portugueses com muita experiencia”, lembra Pedro Soares Gonçalves à TSF.
Na Costa do Marfim, Angola tem encontrado um ambiente dentro e fora de campo que é particular no universo do futebol internacional.
“Há um lado emocional, uma atmosfera diferente em África e, em especial, nesta grande competição. Esta é a grande festa do futebol africano. Seja pelo clima, seja pela forma entusiástica como o jogo é interpretado pelos adeptos nos estádios. São adeptos que por vezes estão a torcer por ambas as equipas e que querem desfrutar do jogo”
Os resultados dos jogos refletem o ambiente exterior. “O calor que se sente, acaba por, nos momentos capitais do jogo, tornar a partida mais emocionante, mas também mais exigente do ponto de vista psicológico. Por isso, muitas vezes esse fator leva o jogo a fugir do controlo do treinador”.
“Houve momentos no final das partidas em que as equipas arriscaram mais, mas isso deve-se também ao equilíbrio entre as equipas”.
Angola empatou o primeiro jogo da fase de grupos com a Argélia - eliminada de forma surpreendente na primeira fase -, e venceu as equipas da Mauritânia (3-2) e do Burquina Fasso (2-0).
O calor na Costa do Marfim torna a recuperação física dos jogadores mais difícil. “Felizmente não jogámos ainda às 14h00. Na Costa do Marfim, nesta altura do ano, faz mesmo muito calor. Mesmo às 17h00 ou às 19h00 horas está ainda um calor muito intenso. O aparecimento da fadiga dá-se mais cedo nos jogos. Por isso aparecem erros que em circunstâncias normais os jogadores não iam executar. Faz parte desta competição a necessidade de manter o foco. Quem não o consegue acaba por ceder”.
Este sábado Angola entra em campo às 17h00 (fuso horário igual ao português) diante da Namíbia. “À nossa semelhança, a Namíbia também está a fazer história. Pela primeira vez passou a fase de grupos, uma seleção que vem crescendo nos últimos anos, de uma forma muito mais consistente”, assinala.
Um dérbi com nomes a anotar
“É um dérbi local porque Angola e Namíbia partilham uma larga fronteira. Há boas relações entre os povos, mas é um duelo de cariz local. Temos de pôr os pés no chão e de saber que vamos ter um adversário muito competente e competitivo. Quase todos os jogadores têm experiência da primeira liga sul africana, jogadores da África austral, que jogam juntos há muito tempo, que se encontram muitas vezes”
No bloco de notas do treinador de Angola há alguns nomes próprios. “O ponta de lança [Peter] Shalulile do Mamelodi Sundowns é uma referência da seleção da Namíbia. Também o jovem que atua com a camisola “10” é muito interessante [Prins Tijueza], um jogador a quem o CAN deve permitir alcançar outros voos. Tem também um extremo esquerdo interessante [Deon Hotto]. É uma equipa muito capaz”.
Para além dos resultados, Pedro Soares Gonçalves quer deixar uma marca no torneio com o futebol praticado por esta geração angolana.
“Nós gostamos de jogar futebol pela positiva. Queremos afirmar-nos de uma forma inteligente no jogo. Gostamos de bola, mas também não temos problemas em perceber que temos de nos juntar e em bloco saber defender, sendo inteligentes e sagaz no momento da transição. Perceber os momentos do jogo, mas tentar um futebol positivo, com jogadores de uma qualidade técnica assinalável”.
Para confirmar este sábado, 27 de janeiro, num jogo às 17h00 entre Angola e Namíbia dos quartos de final da Taça das Nações Africanas.