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Acordo de paz na Ucrânia: reunião foi "produtiva", mas ainda há "muito trabalho a fazer"

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) Roman Pilipey/AFP

No final da reunião de quatro horas com representantes da Ucrânia, Rubio reconheceu que se trata de "uma questão delicada e complexa" com "muitos fatores em jogo", bem como uma outra parte "que terá de fazer parte da equação", referindo-se à Rússia

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou este domingo que o encontro com representantes ucranianos foi "produtivo", mas reconheceu que ainda há "muito trabalho a fazer" na procura de um acordo de paz.

"Ainda há muito trabalho a ser feito, mas a reunião de hoje foi muito produtiva e útil", disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos aos jornalistas, no final da reunião com os representantes ucranianos, na Florida, na qual foram discutidos os termos de um possível acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia.

"Acredito que fizemos progressos adicionais", acrescentou.

No final da reunião de quatro horas, Rubio reconheceu que se trata de "uma questão delicada e complexa" com "muitos fatores em jogo", bem como uma outra parte "que terá de fazer parte da equação", referindo-se à Rússia.

A este respeito, referiu que o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, irá viajar para Moscovo na próxima semana, acrescentando que tem estado "em contacto, em diferentes graus, com o lado russo", pelo que está bastante familiarizado "com as suas perspetivas".

Manifestou ainda otimismo quanto à possibilidade de se chegar a um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, "especialmente tendo em conta o entendimento mútuo de que não se trata apenas de acabar com a guerra".

"Trata-se de garantir o futuro da Ucrânia, um futuro mais próspero construído sobre o que alcançámos hoje", observou.

Na reunião deste domingo na Florida, a delegação norte-americana foi chefiada por Rubio, Witkoff e Jared Kushner, genro e conselheiro do Presidente norte-americano, Donald Trump.

A Ucrânia esteve representada por Rustem Umerov, secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, acompanhado pelo primeiro-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergiy Kyslytsya, e por outros diplomatas e políticos ucranianos.

Umerov disse aos jornalistas que a reunião abordou "todas as questões importantes para a Ucrânia e os ucranianos" e afirmou que os Estados Unidos se mostraram "muito compreensivos".

Antes do início da reunião, Umerov escreveu na rede social X que as prioridades da sua delegação eram "salvaguardar os interesses ucranianos, garantir um diálogo substancial e consolidar os progressos alcançados em Genebra".

A visita da delegação liderada por Umerov acontece numa altura em que Kiev espera garantir um novo encontro entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e Trump.

O Presidente norte-americano tinha dado à Ucrânia até à passada quinta-feira, Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, para aceitar o plano de paz, composto inicialmente por 28 pontos.

O plano, apresentado pelos Estados Unidos a Zelensky na semana passada, obrigaria a Ucrânia a reduzir o seu exército e a ceder território à Rússia, incluindo áreas que não foram conquistadas militarmente. Também previa, entre outros aspetos, a renúncia de Kiev à adesão à NATO.

Após as negociações do fim de semana passado em Genebra, Suíça, entre norte-americanos, ucranianos e europeus, surgiu uma nova proposta de acordo de 19 pontos, mais favorável a Kiev e aos seus parceiros na Europa.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Lusa