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Violência contra organizações de socorro priva milhões de pessoas de cuidados de saúde

A violência contra o pessoal e estruturas de saúde em zonas de conflito priva milhões de pessoas de cuidados no momento em que mais precisam, lamentou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) num relatório publicado esta quarta-feira.

Esta violência é «um dos desafios mais urgentes» e, no entanto, «passa despercebida», disse o director-geral do CICV, Yves Daccord, em conferência de imprensa.

O responsável defendeu que a violência contra estruturas médicas e profissionais de saúde tem de acabar. «É uma questão de vida ou morte», disse, acrescentando que o custo humano desta violência «é colossal».

Segundo o CICV, é frequente civis e combatentes morrerem de ferimentos porque não receberam tratamento em tempo útil.

O médico Robin Coupland, cirurgião de guerra no CICV há sete anos, estimou que milhões de vidas podiam ser poupadas se os cuidados de saúde fossem mais respeitados.

O clínico, que dirige um estudo desenvolvido em 16 países, considerou que «o mais chocante é que um grande número de feridos, em explosões de bombas ou tiroteios à beira de estradas, acaba por morrer porque as ambulâncias não chegam a tempo de os socorrer».

«Porque os profissionais de saúde não podem fazer o trabalho ou porque os hospitais são alvo de ataques ou simplesmente porque o contexto é demasiado perigoso para assegurar cuidados de saúde eficazes», explicou.

O exemplo apresentado no relatório da CICV é a morte, em 2009, de mais de 20 pessoas na explosão de uma bomba em Mogadíscio.

A maior parte das vítimas era recém licenciada em Medicina. Este ataque não só ditou a morte prematura destes jovens médicos, mas privou dezenas de milhares de pessoas da possibilidade de receber cuidados de saúde nos meses e anos seguintes, afirmou Robin Coupland.

O CICV referiu ainda hospitais atingidos por granadas de morteiro no Sri Lanka e na Somália, ambulâncias alvo de disparos na Líbia, paramédicos mortos na Colômbia ou feridos retidos durante horas em filas de trânsito nos postos de controlo no Afeganistão.

A Cruz Vermelha Internacional pediu a adopção de medidas apropriadas por parte dos Estados e das forças armadas.