No Tribunal de Aveiro, o antigo ministro do PS foi confrontado com alegadas contradições entre as declarações neste julgamento e o que disse há dois anos na fase de instrução do processo Face Oculta.
Após ouvir Armando Vara, o juiz presidente do Tribunal de Aveiro Raúl Cordeiro encontra uma contradição relativa a quem teve a iniciativa de contactar Paiva Nunes, presidente da EDP Imobiliária, e outra contradição sobre a forma como Armando Vara conheceu o acórdão do Tribunal da Relação do Porto relativo ao conflito que opunha Manuel Godinho à Refer.
O juiz percebe ainda uma discrepância nas declarações relativas à Refer e à falada demissão do seu presidente Luís Pardal, alegadamente proferidas durante o almoço, em Julho de 2009, em casa de Manuel Godinho, em Ovar.
Armando Vara acabou por admitir diferenças que o seu advogado, Tiago Rodrigues Bastos, desvaloriza. «É absolutamente normal», afirmou.
É por, alegadamente, existirem estas contradições que o Tribunal pode vir a aceitar novas escutas.
Os advogados de defesa dos arguidos não concordam com a incorporação de escutas no processo. Tiago Rodrigues Bastos explica as suas razões.
«Ninguém quer evitar que as escutas sejam ouvidas, ninguém tem medo do conteúdo das escutas. É um problema de regras», esclareceu.
Depois de Armando Vara, o Tribunal começou a ouvir o ex-presidente da REN. José Penedos foi confrontado com as escutas a conversas telefónicas do filho com Manuel Godinho, nas quais o seu nome é invocado.
Apesar disso, José Penedos garantiu que nunca passou informação específica ou privilegiada ao seu filho Paulo Penedos.
O julgamento prossegue esta sexta-feira com a continuação da audição de José Penedos, Lopes Bandeira e Paulo Penedos.