Os partidos da oposição acusam o primeiro-ministro de ter mentido aos portugueses, depois de Passos ter anunciado que os subsídios de Natal e férias só serão repostos em 2015.
Em entrevista, esta quarta-feira, à Rádio Renascença, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho admitiu ainda que está em aberto a possibilidade de, quando se verificar a reposição dos subsídios de Natal e de férias, o valor ser distribuído pelos doze meses de salário ou de pensões da função pública.
Em reação, o secretário-geral do PS diz que ficou surpreso com o que ouviu sobre a reposição dos subsídios só ir acontecer em 2015. António José Seguro considera que o chefe do Governo voltou a mentir aos portugueses.
«O senhor primeiro-ministro enganou os portugueses. Todos nós nos recordamos que o senhor primeiro-ministro anunciou em outubro o corte do subsídio de Natal e de férias aos funcionários públicos e aos reformados pelo período de dois anos, 2012 e 2013, e hoje o primeiro-ministro vem dizer que só vai começar a devolver os subsídios em 2015», lembrou.
«Trata-se claramente de enganar os portugueses porque quando o PS propõe mais um ano para consolidar as contas públicas, o primeiro-ministro não é sensível mas já o é para retirar mais um ano pelo menos de dois salários e de duas reformas», contestou Seguro, lembrando que 2015 é ano de eleições.
Também o Bloco de Esquerda diz que o primeiro-ministro enganou o país. O deputado João Semedo nota a contradição com o discurso feito até aqui pelo executivo.
«São claramente um conflito, em contraste com tudo o que o Governo tem dito. Gostava de chamar à atenção para que relativamente à suspensão dos subsídios, o que o Governo disse foi que a suspensão vigoraria durante o período em que estivesse em vigor o memorando de acordo [troika] e que isso terminaria em 2013», relembra.
«Hoje, Pedro Passos Coelho promete o regresso dos subsídios em 2015 e de forma gradual. Ora, o corte dos subsídios era transitório e nunca foi dito que a sua reintrodução seria feita de forma gradual», destaca João Semedo.
O PCP não fala de engano, antes de mentira, é disso que acusa Pedro Passos Coelho o líder parlamentar comunista, Bernardino Soares.
«Trata-se da continuação da política da mentira. O primeiro-ministro e o Governo mentiram mais uma vez aos portugueses quando afirmaram que este roubo dos salários só se aplicaria durante os anos de 2012 e 2013. É inaceitável que o primeiro-ministro continue a ter como perspetiva uma política que vê sempre os mesmos para retirar direitos», criticou o deputado comunista.