Artes

Rebeldes líbios "desfilam" na passadeira vermelha de Cannes

Quatro rebeldes líbios vão estar hoje na mira dos holofotes da passadeira vermelha do festival de cinema de Cannes, onde irão "desfilar" com o escritor francês Bernard-Henri Levy, realizador de um documentário sobre o conflito na Líbia.

O documentário "The Oath of Tobruk" (O Juramento de Tobruk), que hoje estreia no conceituado certame a decorrer na Riviera francesa, narra a luta rebelde e popular contra o regime do ditador líbio Muammar Kadhafi, morto em outubro do ano passado, mas é sobretudo uma homenagem ao pai de Bernard-Henri Levy, que lutou na Líbia com as forças francesas livres durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o documentário, Levy e o jornalista Gilles Hertzog são acompanhados por quatro líderes do movimento de rebelião líbio durante uma visita a um cemitério na cidade portuária de Tobruk, no norte da Líbia, onde estão enterrados 180 soldados das forças francesas livres. A cena foi filmada em abril de 2011, em plena revolução líbia.

Levy, escritor e filósofo, acompanhou durante oito meses a situação no território líbio, contactando com insurgentes, jornalistas e líderes políticos, assumindo o papel de observador/participante.

«Queria documentar um pedaço da história no qual fui testemunha e um ator», afirmou, em declarações à agência francesa AFP, em Paris, antes da estreia.

«Não é a história da guerra na Líbia, mas aconteceram coisas onde fui a única pessoa a ver (...) porque era a única pessoa que estava ali», recordou o realizador, que visitou zonas controladas pelos rebeldes, cidades libertadas, frentes de combate e hospitais de campanha.

Durante a exibição do documentário no festival de Cannes, o realizador pretende dedicar o filme aos rebeldes sírios.

Além dos quatro rebeldes líbios, Bernard-Henri Levy será ainda acompanhado, na passadeira vermelha, por dois elementos da oposição síria que conseguiram recentemente fugir do território sírio e da repressão do regime de Bashar al-Assad.

Os ativistas sírios vão comparecer no evento com a cara coberta com bandeiras da "Síria livre", de forma a preservar a sua identidade e a segurança das respetivas famílias que ainda permanecem no território sírio.