O primeiro-ministro afirmou hoje que 2012 é ano mais difícil de que tem memória desde o 25 abril, mas revelou que, pela primeira vez, Portugal baixou do limiar em que se recorre a ajuda externa.
«O ano que agora está a terminar foi talvez o ano mais difícil de que tenho memória desde 1974, mas foi também o ano em que mais semeámos para futuro para que uma crise como aquela que estamos a viver não volte a ocorrer», afirmou o primeiro-ministro no debate quinzenal no Parlamento.
Passos Coelho, no seu discurso, apresentou uma «visão retrospetiva» do ano que agora termina, responsabilizando os anteriores executivos pelos sacrifícios impostos aos portugueses e reclamando que o executivo PSD/CDS-PP realizou reformas de uma forma inédita para que esses sacrifícios não se repitam.
«Este foi o ano das maiores dificuldades, e também de muito sofrimento para muitos portugueses, que sentiram na sua própria pele, na sua própria vida, não apenas a promessa de que tínhamos de pagar muitos desvarios de política económica, mas que tinha chegado a hora mesmo de os pagar e que, portanto, que a vida se tornou muito difícil para a generalidade dos portugueses», disse.
O primeiro-ministro defendeu ainda que «é justo dizer que esses sacrifícios têm sido acompanhados das reformas necessárias para que eles não tenham de voltar a ser pedidos aos portugueses nos anos mais próximos».
Pedro Passos Coelho afirmou também que ainda há «riscos importantes nos planos de ajustamento dos vários países» e perspetivas recessivas na Europa.
«Se ainda há riscos importantes, em torno da execução dos programas de ajustamento, relativamente à situação de alguns Estados-membros da zona euro, se ainda há perspetivas recessivas na Europa, que nos levam a ser modestos na maneira como encaramos o ano de 2013, seria muito míope não reconhecer que temos hoje um terreno muito mais sólido no contexto europeu para prosseguir as nossas políticas», considerou.
No seu entender, «ainda existem riscos assinaláveis no ano de 2013 e seguintes», mas foram feitos «imensos progressos» em matéria europeia. «Foi um ano ganho em termos europeus», concluiu.
Passos Coelho sublinhou ainda que hoje, pela primeira vez, Portugal baixou do limiar em que se recorre a ajuda externa, com os juros da dívida portuguesa a dez anos a situarem-se abaixo da barreira dos sete por cento.