Barack Obama tomou posse para o 2º mandato como presidente dos EUA, com um apelo para a unidade de todos os norte-americanos, elevação do debate político e defesa veemente do Estado social.
No seu discurso de tomada de posse no Capitólio, em Washington, perante perto de 600 mil pessoas concentradas na alameda que se estende por três quilómetros, Obama defendeu que «as escolhas difíceis para reduzir o custo dos cuidados de saúde e do défice», não podem deixar desprotegidas as próximas gerações.
«Os compromissos que fazemos uns com os outros -- através do Medicare e Medicaid [programas de assistência de saúde para idosos e mais pobres, respetivamente] e Segurança Social -- não tolhem a nossa iniciativa, fortalecem-nos. Não nos tornam uma nação de dependentes, libertam-nos para tomar os riscos que tornam grande este país», disse o 44.º Presidente dos Estados Unidos.
Perante o juiz-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, John Roberts, Obama leu o juramento inscrito na Constituição norte-americana, às 12:00 de Washington (17:00) de Lisboa, com a mão sobre duas bíblias.
O mote do discurso de tomada de posse foi «nós o povo», primeiras palavras da Constituição norte-americana, numa defesa da igualdade de direitos e oportunidades, em particular para mulheres, homossexuais e emigrantes, e da necessidade de «ação coletiva».
«Nenhuma pessoa sozinha pode formar todos os professores de matemática e ciências de que precisamos para preparar as nossas crianças para o futuro , nem construir as estradas e redes de que vão trazer novos empregos e empresas às nossas costas. Agora, mais do que nunca, precisamos de fazer estas coisas juntos, como uma nação, como um povo», disse Obama.
A atual geração, afirma, assiste ao fim de «uma década de guerra» e ao «início de uma retoma económica», e o país tem todas as condições para ser bem sucedido.
A prosperidade do país está «nos ombros de uma ascendente classe média», defendeu, e não no enriquecimento daqueles que hoje já têm os maiores rendimentos.
Sublinhando a necessidade de reformar o código fiscal e o ensino, deu particular ênfase à necessidade de responder «às ameaças das alterações climáticas», que não podem ser negadas perante a multiplicação de fogos, secas e «tempestades mais poderosas».
No que respeita à defesa de restrições ao uso de armas de fogo, vincou a necessidade de garantir a segurança das crianças, referindo-se particularmente às da cidade de Detroit, das montanhas da Appalachia e da cidade de Newtown, onde em dezembro um ataque armado fez cerca de 20 vítimas.
Sobre o debate político no país, defendeu ainda que o «espetáculo não pode substituir a política» e «chamar nomes não pode tomar o lugar de um debate razoável».
«Vocês e eu, como cidadãos, temos a obrigação de moldar o debate do nosso tempo. Não apenas com os votos que depositamos, mas com as vozes que levantamos em defesa dos nossos mais antigos valores e duradouros ideais», disse Obama, que, defendeu ainda o reforço de alianças com o exterior.
Os Estados Unidos continuarão a ser «a âncora de fortes alianças», renovando as instituições internacionais e apoiando a democracia em todos os continentes, em nome dos «interesses e consciência» do país.
Ao juramento no Capitólio seguir-se á o 57º cortejo presidencial até à Casa Branca, ao longo da Pennsylvania Avenue, um baile com mais de 35 mil pessoas e artistas convidados como Smokey Robinson , Marc Anthony , John Legend e Nick Cannon, e outro reservado a 4.000 militares.