A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde detetou vários casos de médicos que no ano passado receberam horas extraordinárias por cirurgias realizadas no horário normal de trabalho.
Em declarações à TSF, José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, diz que não conhece qualquer situação como as que são relatadas, mas a existirem o ónus é de quem paga aos médicos.
Já o coordenador do Sistema Iintegrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia admite à TSF a existencia destes casos e que eles terão de ser condenados. Pedro Gomes sublinha, no entanto, que se tratará de exceções.
As situações foram detetadas pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde e constam de um relatório que é hoje divulgado pelo jornal Público.
A inspeção de saúde descobriu, por exemplo, um oftalmologista que recebeu no ano passado um milhão e 300 mil euros pelo trabalho desenvolvido no âmbito do sistema de gestão de inscritos para cirurgia. Desse dinheiro, a grande parte, um milhão e duzentos mil euros, diz respeito a operações que o médico realizou durante o seu horário de trabalho.
Há ainda o caso de um anestesiologista que, para além dos salários, recebeu mais 54 mil euros sem que tenha registado a hora a que saía do serviço. Para além das horas extraordinárias recebeu também incentivos.
A inspeção de saúde conclui que as tarefas previstas para o tempo normal de trabalho estão sobrevalorizadas e que talvez fosse possível responder às necessidades sem recorrer a trabalho extraordinário. Apesar de real para os utentes, as listas de espera são fictícias.
No relatório, as administrações hospitalares são avisadas para a necessidade de controlarem os custos e os serviços prestados. A inspeção lembra que os membros dos conselhos de administração podem ser responsabilizados financeiramente.
Criado em 2004, o sistema integrado de gestão para inscritos de cirurgia reduziu em 35 por cento o número de utentes nas listas de espera. O tempo média de espera por uma cirurgia passou de oito para três meses.
Em declarações ao jornal Público, o coordenador do sistema de gestão de inscritos de cirurgia, Pedro Gomes, diz que a inspeção de saúde aponta casos residuais que não colocam em causa os bons resultados do programa.
Também ao Público, o Sindicato Independete dos Médicos admite casos esporádicos que devem ser tratados pelo Ministério Público e a Federação Nacional de Médicos diz que estes episósidos não refletem a realidade mas merecem ser condenados.
Notícia atualizada às 10h11