Política

BE acusa Passos de ser «cúmplice» de «situação de abuso»

João Semedo

O coordenador do BE, João Semedo, acusou hoje o primeiro-ministro de ser «cúmplice» de uma «situação de abuso» por não ter demitido Miguel Relvas ao ter conhecimento das conclusões do Ministério da Educação sobre a sua licenciatura.

«Diz o ministro Nuno Crato, certamente uma autoridade, que se tratou de um abuso e que comunicou ao senhor primeiro-ministro esta situação nos últimos dias, não seria obrigação demitir esse mesmo ministro [Miguel Relvas], perante um abuso?», interrogou o líder bloquista.

João Semedo, que falava durante o debate quinzenal, no Parlamento, considerou uma «anormalidade» a decisão de «não ter demitido um ministro ao saber que ele estava envolvido numa situação de abuso».

O primeiro-ministro rejeitou que os relatórios da Inspeção-Geral de Educação visem o ministro dos Assuntos Parlamentares, que na quinta-feira pediu a demissão, e sublinhou que cabe ao Ministério Público investigar as conclusões desses documentos.

«O ministro Miguel Relvas não cometeu abuso nenhum, o ministro Miguel Relvas não cometeu, nem é, em função do que foi apurado, suspeito de participar em qualquer irregularidade dentro da Universidade», declarou o chefe de Governo.

Pedro Passos Coelho « acusou o BE de fazer «um exercício de cinismo» e de «andar há meses que Miguel Relvas saísse do Governo».

«Agora que o ministro dos Assuntos Parlamentares pediu para sair, o BE faz o exercício cínico de querer saber porque é que ele saiu, pare com esse cinismo, não responderei a nem mais uma questão», afirmou o chefe do Governo.

O coordenador do BE respondeu com ironia: «O senhor deve ser o único português neste país que acha que não há um abuso, há um relatório que classifica de abuso, não nos venha dizer que não o conhece».

«Ficámos a saber que o relatório sobre a licenciatura que Miguel demorou mais tempo no Ministério da Educação do que o tempo que Miguel Relvas passou na faculdade», afirmou no mesmo tom.

«Há um abuso que o senhor consentiu e do qual se tornou cúmplice porque não demitiu Miguel Relvas», acusou Semedo.

O líder bloquista considerou que «com a demissão de Miguel Relvas», o primeiro-ministro devia «seguir-lhe o exemplo», porque «lidera um Governo que tem abusado do país».