O líder socialista questionou o PM sobre quando descobriu o valor do consenso com o PS. Passos Coelho respondeu que há muito tempo que o Governo demonstra vontade em consensualizar propostas.
«Quando é que o senhor primeiro-ministro descobriu o valor do consenso?», perguntou António José Seguro ao primeiro-ministro no início do debate quinzenal na Assembleia da República.
Passos Coelho respondeu que não quer agora salientar antagonismos e que o Governo sempre esteve aberto a consensualizar propostas com a oposição.
Com esta resposta, o primeiro-ministro evitou voltar a protagonizar confrontos duros com o secretário-geral do PS em debates quinzenais na Assembleia da República.
«O Governo tem por missão apresentar disponibilidade para consensualizar tanto quanto possível essas propostas. Há muito tempo que insisto nisso e não desde agora», afirmou.
Depois, Pedro Passos Coelho deixou até uma nota de «compreensão» face à dificuldade de os socialistas, na oposição, poderem entender-se com um executivo que adota medidas de austeridade.
«Compreendo que os partidos da oposição tenham mais dificuldade em comprometer-se com aquilo que é missão essencial dos governos, que é executar estratégias orçamentais. Mas, na medida que em essas estratégias estão de acordo com objetivos relevantes para o país no seu todo e respeitam compromissos internacionais, é natural que o Governo junto dos partidos que dizem estar disponíveis para compromissos internacionais queira com eles encontrar uma base de entendimento o mais alargada possível», disse.
Ainda de acordo com este clima, Pedro Passos Coelho saudou logo na sua primeira intervenção o PS por hoje celebrar o seu 40.º aniversário, considerando que os socialistas portugueses estiveram estas últimas quatro décadas «ao serviço da democracia e do país» - uma mensagem que Seguro depois agradeceu.
Apesar do ambiente menos crispado do debate de hoje, mesmo Assis, António José Seguro, na sua última intervenção, advertiu que o executivo PSD/CDS «insiste num caminho de austeridade custe o que custar, a tal política que o primeiro-ministro garantiu aos portugueses que cumpriria todas as metas».
«Se há aqui alguma ficção é a ficção do primeiro-ministro, porque as suas palavras não colam com a realidade», dando como exemplo a evolução de fatores como o desemprego ou a dívida, «que entre setembro e dezembro aumentou de 120 para 123 por cento do Produto Interno Bruto, atingindo em fevereiro os 126 por cento».
«Não há só uma divergência entre o PS e o Governo. A divergência é entre a maioria do país e o seu Governo. Os senhores estão isolados», vincou o líder dos socialistas.
Seguro deixou ainda mais um aviso: «Se o senhor primeiro-ministro imagina que define a política e o PS preenche o formulário, está muito enganado, porque o PS não contribuirá para essa política», disse, recebendo uma salva de palmas da bancada socialista.
De acordo com o secretário-geral do PS, os portugueses exigem ao Governo que «pare com a austeridade e aproveite o tempo que dispõe até à elaboração do próximo Orçamento retificativo para mudar de política».
«A sua obsessão ideológica foi a de fazer um ajustamento brusco e imediato na lógica de que primeiro são as finanças públicas e só depois a economia. Eu sempre lhe disse desde o início que isso seria catastrófico para o país, como aliás de está a provar», acrescentou.