O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Mário Nogueira, atribuiu hoje a quebra na procura dos cursos de educação à «desvalorização» da profissão docente e à instabilidade laboral.
«Desde que os governos começaram a fazer aumentar o desemprego nos professores e desvalorizaram as carreiras, criaram um clima de instabilidade e precariedade enormes», disse Mário Nogueira, em reação aos resultados da primeira fase de candidaturas ao Ensino Superior.
As profissões da educação foram este ano menos atrativas para os candidatos a um lugar no Ensino Superior, com menos 300 alunos do que no ano passado a manifestar como primeira preferência a entrada num curso desta área.
Mário Nogueira recordou que a situação já vem de trás e que acabaram por baixar as médias de entrada nestes cursos no passado recente, vindo muitas das vagas nos últimos anos a ser ocupadas em segunda opção.
Acresce o problema de desemprego que está a afetar a classe: «Ainda para mais sabendo as pessoas que este Ministério da Educação não os vai reconhecer como professores».
Para Mário Nogueira, a introdução de uma prova de acesso à carreira docente, depois de concluída a formação académica, é também um entrave à escolha do curso por jovens que queiram ser professores.
«Os nossos jovens sabem que com esta prova de acesso à profissão, com este exame que vão ter de fazer depois de terminarem o curso, pode significar que o ministério senta-os numa sala durante uma hora e meia ou duas e diz-lhes "o teu curso não vale nada, tens de tirar outro», afirmou.
O secretário-geral da FENPROF considera que o Ministério da Educação de está «a destruir a profissão de professor».
«É natural que as pessoas não queiram estar quatro anos a estudar para uma coisa que não sabem se vão conseguir ser. É repugnante como este Governo está a destruir a escola pública e uma profissão tão bonita», lamentou.
De acordo com os dados divulgados hoje pela Direção Geral do Ensino Superior, a área de estudos da formação de professores e ciências da educação, que sofreu em 2013 uma redução do número de vagas na ordem dos 16 por cento (1.227 lugares disponíveis), teve 685 alunos a manifestar como preferência em primeira opção a entrada num dos vários cursos disponíveis e um total de 813 colocados.