A maioria PSD/CDS-PP e o Governo classificaram hoje de anacrónica a «política patriótica e de esquerda» defendida pelo PCP, no debate da moção de censura comunista ao Executivo, e a oposição procurou saber sobre novos aumentos no IVA.
«Os objetivos desta moção são claros - derrubar o Governo e sufragar uma alternativa clara, política e programática», identificou o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Menezes, adiantando que uma eventual preparação da «saída do euro» ser, a seu ver, «ridículo», tendo como resultado um Portugal em «isolamento» da Europa.
Os deputados do PCP Paulo Sá, Carla Cruz e Miguel Tiago reforçaram que são «o Governo e maioria que o suporta que estão isolados», sem «legitimidade para continuar em funções, após destruir país e economia», sendo «uma comissão de negócios de especuladores e banqueiros, não um Governo».
O líder da bancada democrata-cristão, Nuno Magalhães, preferiu falar de um debate no Parlamento resumido a uma «marcação à esquerda, para ver quem fala mais alto, quem condena mais».
«Como é que faria essa saída do euro ? Então, vamos fazer uma viagem, fazemos a mala, pomos a gasolina no carro, pomos a mala no carro e, depois, vamos para casa e deitamo-nos ?», questionou o líder da bancada do CDS-PP, sobre a ideia avançada pelo PCP de preparar o país para o abandono da moeda única.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, argumentou que a «motivação do PCP representa um projeto que, ao longo dos últimos 40 anos, esteve ausente dos programas de governo de PSD, PS e CDS», além das agendas dos Chefes de Estado, em Belém.
«Senti-me rejuvenescido e transportado à época do PREC [Processo Revolucionário em Curso], depois do 11 de março de 1975», ironizou Machete, rotulando os comunistas com um «coletivismo saudosista» e uma «ideologia que revela uma lente deformadora de realidade».
O vice-presidente do grupo parlamentar socialista, José Junqueiro, à semelhança de comunistas, do líder do grupo bloquista e da ecologista Heloísa Apolónia, aproveitou para indagar o Executivo de Passos e Portas pela hipótese de aumento do IVA para 26%, em caso de novo "chumbo" por parte do Tribunal Constitucional, mas Machete remeteu para uma resposta anterior do primeiro-ministro.
«O emprego desce, a economia cresce, o défice está a diminuir, a credibilidade internacional a crescer a olhos vistos» e «querem deitar tudo isto a perder, o esforço, os sacrifícios, a recuperação», descrevera antes Luís Menezes.
O deputado do PSD frisou que a terceira moção de censura comunista ao Governo - a sexta desde que entrou em funções, há três anos - «é claramente inoportuna», embora «legítima, mas também profundamente injusta».
«Não para com o Governo ou a maioria, mas injusta para com os portugueses, menos de 15 dias depois de Portugal recuperar soberania plena, saindo com sucesso do programa de assistência económico-financeira», afirmou.