Vinte e quatro mulheres foram assassinadas este ano e 27 foram vítimas de tentativa de homicídio, tendo a maioria sido morta pelos maridos, companheiros ou namorados, revelou o Observatório de Mulheres Assassinadas.
No relatório intercalar da União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, afirma-se que «os dados confirmam que a prática do crime de femicídio e de femicídio na forma tentada é o culminar de uma escalada de violência praticada por aqueles com quem as vítimas mantêm relações de intimidade».
Em média, foram verificados quatro homicídios por mês, sendo que 29% das vítimas (sete) tinham mais de 65 anos e 25% (seis) entre 36 e 50 anos.
Outras seis vítimas (25%) tinham entre 51 e 64 anos, quatro entre 24 e 35 anos (17%) e uma tinha entre 18 e 23 anos, referem os dados enviados à agência Lusa.
Em 42% dos casos, o crime foi cometido pelo marido, companheiro, namorado, em 37% pelo ex-marido, ex-companheiro, ex-namorado, enquanto 8% dos homicídios foi praticado pelos pais e 13% por outros familiares.
Oito dos 24 crimes ocorreram nos distritos de Lisboa e Setúbal, com quatro mulheres assassinadas em cada um deles, seguindo-se os distritos de Santarém em Viseu, com três casos em cada um, e Bragança (dois).
A maioria dos homicídios praticados e registados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas ocorreu num contexto de violência doméstica (59%), tendo a arma de fogo e a arma branca sido os meios utilizados para cometer o crime na maioria dos casos (10 e seis, respetivamente).
O relatório indica também que em 17% dos casos a suposta justificação para o crime foi os ciúmes e em 4% das situações o homicida não aceitou a separação.
A residência surge como o local mais perigoso, onde ocorreu a maioria dos homicídios (19), seguindo-se a via pública (três) e o local de trabalho (dois).
A UMAR conclui que «a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal».