Foi a declaração feita no final da intervenção inicial na audição na comissão parlamentar de inquérito o ex-presidente do BES, que agora responde às perguntas dos deputados.
Na parte final da intervenção de de uma hora, o antigo banqueiro disse: «E agora a pergunta que todos fazem: para onde foi o dinheiro? O dinheiro não foi para os bolsos dos acionistas entre os quais estava a família Espírito Santo. O dinheiro não desapareceu. Não houve qualquer desvio de fundos. Basta ver com atenção as contas do BES no primeiro semestre de 2014 e nas contas seguintes do novo banco para concluir que não houve desvio de dinheiro. O dinheiro não desapareceu: os ativos transitaram para o Novo Banco. Não houve desvio de dinheiro», repetiu.
Num momento anterior declarou que não foi pedir favores ao governo: «Para que fique claro: nas reuniões com os responsáveis políticos não fui pedir qualquer favor, fui pedir apoio institucional para salvar o conglomerado GES/BES. Infelizmente, não estava enganado», disse Ricardo Salgado.
Antes, tinha afirmado que que teriam bastado cinco anos para recuperar o GES, mas o Banco de Portugal não deixou.
O antigo líder do BES Ricardo Salgado disse também que foi a volatilidade das ações e a fuga de depósitos que ditaram o fim do banco, e não os problemas detetados na 'holding' Espírito Santo International em 2013.
«Volatilidade de ações e fuga depósitos. Foram estas circunstâncias que ditaram o fim do BES», afiançou Salgado na comissão parlamentar de inquérito à gestão daquele banco e do Grupo Espírito Santo (GES).
Para o antigo líder da instituição, o aumento de capital de 2014, que teve «o melhor resultado de sempre» neste tipo de operações, comprova que «não houve nexo causal entre problema na ESI» e a posterior «quebra de confiança» no Banco Espírito Santo.
Logo no arranque da leitura da declaração inicial, aqui disponível na integra, disse «só quero lutar pela minha honra e da minha família. Sei que os anos que me restam de vida serão nessa luta».
«Não pretendo refugiar-me no "nada sei, nem nada tenho a ver com nada" mas seguramente não tenho tudo a ver com tudo como tantas vezes apareceu na opinião publica», disse.
E acrescentou «Hoje, que perdi o que foi a minha vida de trabalho de mais de 40 anos só quero lutar pela minha honra e pela da minha família. Mas com a mesma hipótese de contraditório e com as mesmas armas dos que me acusam».