De novo só mesmo Portugal ter decidido a passagem às meias-finais nos penáltis. De resto, mais um empate. Patrício defendeu, Quaresma marcou o último.
Esqueça o ditado popular "não há duas sem três". Esta seleção de Portugal parece profundamente determinada em contrariar tudo a que estávamos habituados. Não há tradição que aguente. O empate é a nova vitória.
Vamos lá. Portugal só empatou (os 3 jogos) e passou a fase de grupos. Empatou (nos 90 minutos) e passou nos oitavos de final. E, claro, empatou (e agora nos 120 minutos) contra a Polónia e qualificou-se para as meias-finais.
O jogo contra os polacos começou mal. Muito mal. Logo aos dois minutos Cédric falhou a interceção de um passe e um adversário fugiu-lhe com a bola. Grosicki foi por ali fora e cruzou com conta, peso e medida para Lewandowski. O craque da Polónia fez o que faz melhor: golo.
Havia que correr atrás do prejuízo. E Portugal correu. Ora, nesta seleção quem é um dos especialistas a correr? Corre para a frente, sempre com a bola a correr com ele. Isso, acertou, Renato Sanches. O "miúdo", aos 35 minutos, correu, combinou com Nani, que de calcanhar fez a "tabelinha", puxou o pé esquerdo atrás, armando o remate, e... Pumba lá para dentro. A bola ainda bateu na perna de um adversário, mas não havia nada a fazer. Renato Sanches tornava-se o mais jovem de sempre a marcar num Europeu, roubando o recorde a Cristiano Ronaldo, precisamente 12 anos depois do agora capitão ter marcado no Euro 2004. Mas fez mais. Renato tornou-se o terceiro mais novo de sempre a marcar num Campeonato da Europa.
Portugal estava então como, pelos vistos, mais gosta de estar neste torneio: empatado. E assim foi até ao fim. Ao fim dos 90 e ao fim dos 120 minutos. Ia valer a "lotaria" dos penáltis.
Começou Cristiano Ronaldo, e marcou. Depois Renato Sanches, João Moutinho e Nani. Os polacos foram acompanhando, cumprindo também. Até que... Kuba falhou. Ou melhor, temos de ser justos, Rui Patrício defendeu. E que defesa. Patrício voou autenticamente para o seu lado esquerdo e esticou a mão do mesmo lado para, com uma palmada, abrir a página do passaporte para Lyon. Mas faltava carimbar. Ricardo Quaresma pegou na bola. Era ele que levava a tinta, prontinha para desenhar o carimbo. E carimbou. Fabiansky tentou defender, e ainda tocou na bola, mas ela entrou.
O Vélodrome, em Marselha, metade dele pelo menos (mais coisa menos coisa), rebentou de alegria. Portugal gritou e um globo cheio de emigrantes aplaudiu.
Portugal está nas meias-finais do Euro 2016.
No fim disto tudo, ainda com o coração a bater rápido, proponho um novo ditado popular português: "De empate em empate até à vitória (final?)".