Sondagens dão maioria absoluta a Vasco Cordeiro, mas em caso de maioria relativa do PS, a esquerda tem diferentes perspetivas quanto ao diálogo com os socialistas. Objetivo comum: retirar peso ao PS.
Nos Açores, com as sondagens a darem maioria absoluta ao PS, o PCP e o BE, que, no continente, apoiam o Governo liderado por António Costa, pedem aos eleitores que, no próximo domingo, deem menos votos ao Partido Socialista.
No último dia de campanha, em Ponta Delgada, a TSF ouviu os cabeças de lista pelo Bloco de Esquerda e pela CDU e, se de um lado, em caso de perda de maioria absoluta dos socialistas, até se admite alguma facilidade em dialogar depois das eleições, de outro, há quem praticamente atire a toalha ao chão.
Zuraida Soares, cabeça de lista pelo BE, garante que a culpa dos bloqueios ao diálogo e à negociação partidária não é dos bloquistas.
"Eu costumo dizer que para dançar o tango são precisos dois, e para dialogar também, porque senão trata-se de um monólogo e ficamos a falar sozinhos", afirma.
Apesar das divergências com o PS, a candidata diz não ver problema em dialogar, lamentando, por isso, a falta de interesse por parte dos socialistas.
"Há uma atitude de prepotência e de posso, quero e mando que a maioria absoluta, ao longo destas últimas legislaturas, tem dado ao Partido Socialista e que lhe tem feito muito mal, porque o tem desabituado da humildade democrática, do diálogo, da negociação e da auscultação", sublinha em entrevista à TSF.
Nesse sentido, Zuraida Soares pede aos eleitores que deem ao BE "mais capacidade e mais força para condicionar as políticas do PS".
"Nós estamos preparados para, no dia 17, assumirmos todas as responsabilidades que os açorianos e as açorianas nos quiserem dar", acrescenta.
E se, para o BE, as conversas com o PS acabam por esbarrar numa barreira quase intransponível, essa barreira, garante o candidato da CDU, não é vista da mesma forma por toda a esquerda. Aníbal Pires garante ambição para o ato eleitoral, mas também total disponibilidade para a conversa com os socialistas.
"Estamos dispostos, como sempre estamos, para dialogar com os partidos políticos com assento parlamentar, designadamente com o partido que ganhar, e aquilo que se perspetiva é que ganhe o Partido Socialista e aquilo que nós queremos é que o PS reduza a sua força", assegura.
Para Aníbal Pires, à semelhança daquela que é a posição adiantada pela candidata do BE, o PS "perdeu a humildade democrática, impõe a sua vontade", sendo por isso necessário, defende o candidato, retirar mandatos ao PS.
O cabeça de lista espera ainda que a solução governativa que foi encontrada para o Governo da República sirva de exemplo e faça pensar os eleitores da região: "Há um elemento de reflexão para o eleitorado açoriano que é muito importante, que é a solução que foi encontrada na República depois das eleições de 4 de outubro de 2014".
Perspetivas diferentes das esquerdas, sobre o diálogo à esquerda, que pode, ou não, ser essencial ao parlamento açoriano.