Política

Sr. Presidente, diga ao Sr. Trump: "You are the best, my friend"

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Se muitos dos que vivem fora dos EUA podem não ter a melhor impressão de Trump, para muitos emigrantes e lusodescendentes, foi uma bênção. Não falta trabalho, não falta dinheiro. O resto é conversa.

Porches, Maseratis, Mercedes topo de gama, carros mais ou menos extravagantes, mas quase todos caros. O parque automóvel à porta do Clube Português de Manassas impressiona mas é, na verdade, a prova do sucesso de uma comunidade de portugueses que partiu à procura do sonho americano, encontrou-o e agora não quer acordar.

O dia é de festa e, por isso, toda a gente se vestiu como se de um casamento se tratasse. Afinal, não é todos os dias que se recebe um Presidente da República. Na verdade, em Washington, é a primeira vez que um chefe de Estado vai ao encontro da comunidade portuguesa. Marcelo prometeu e cumpriu. É verdade que aproveita a boleia de um encontro com Donald Trump, esta quarta-feira na Casa Branca, mas não é menos verdade que as mais de 300 pessoas que estiveram no clube de Manassas para receber o Presidente foram todas para casa com um beijinho, um aperto de mão e uma selfie.

Desta vez, e ao contrário do que aconteceu em tantas visitas de Presidentes da República e primeiros-ministros a comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo fora, o tema principal não foi a política interna portuguesa. Como o próprio Marcelo lembrou, e bem, Portugal triunfa em várias frentes, até no desporto. E isso é motivo de orgulho, mas não dá para alimentar uma conversa muito tempo.

Trump continua a ser o tema do momento. Ainda mais nos Estados Unidos, onde todos os dias o Presidente ocupa horas infindáveis na televisão e páginas inteiras de jornais. Mas a perceção de quem vê de fora não é necessariamente a mesma de quem está dentro e vive há muitos anos na terra do Tio Sam.

"Ele está a trabalhar bem, a meu ver. A economia tem crescido bastante", afirma seguro Carlos Martins, presidente do Clube Português de Manassas. E não está sozinho neste pensamento. Paulo Vilaça, há 30 anos nos Estados Unidos, corrobora e faz valer o seu pragmatismo: "Tenho emprego, trabalho não me falta, ganho dinheiro, para mim está tudo bem".

"You are the best my friend"

Ricardo Jerónimo destaca-se numa sala com mais de três centenas de pessoas, pela camisola que enverga orgulhosamente, com publicidade ao seu jornal "Foto Comunidades". Só que, desta vez, Ricardo decidiu aproveitar a presença de Marcelo Rebelo de Sousa para lhe virar as costas e tentar passar uma mensagem. "Mr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, seja a voz do povo e diga ao Sr. Trump o que ele quer escutar: 'You are the best, my friend'. Aí teremos um Portugal /América amigos para sempre. Marchar, marchar".

Perguntar a Ricardo se é um apoiante de Trump talvez seja desnecessário, mas perguntar-lhe porquê continua a fazer sentido. A resposta volta a ser pragmática: "Porque ele fez a economia crescer e isso é bom para nós".

Unilateralismo? Protecionismo? Nada disto parece incomodar Ricardo nem uma parte dos portugueses que vivem nos Estados Unidos. "O produto nacional é que conta e é o que ele quer implantar", explica Ricardo, acrescentando que, naturalmente, "o que vem de fora tem que pagar bastante imposto." O óbvio para quem acredita que esta é a fórmula mágica para colocar a economia americana a crescer ainda mais.

Marcelo leu o recado que Ricardo tinha nas costas, sorriu, autografou a camisola, e seguiu para o hotel para descasar. Que esta quarta-feira há um encontro na Casa Branca, com Donald Trump mas, dificilmente, o Presidente da República dirá ao homólogo americano "you are the best".