O barril de pólvora em que o Brasil está mergulhado durará, até dia 28, três semanas. Ou muito mais do que isso.
A quase metade dos brasileiros que votou em Jair Bolsonaro assustada por não ter resolvido tudo à primeira volta e ter de viver com a possibilidade académica de perder na segunda para o PT.
Os eleitores de Fernando Haddad assustados por verem o país caminhar para uma guinada radical à direita.
E os cerca de 20% que não votaram nem um nem outro assustados com a eventualidade de um extremista assumir o poder ou, em vez disso, de verem o PT, de volta, ao Palácio do Planalto.
Para a segunda volta nas ruas, espera-se uma guerra - guerra entre aspas ou talvez não. Já ao longo da primeira volta, amigos de longa data romperam amizades, irmãos deixaram de se frequentar, pais e avós bloquearam amizades com filhos e netos e por aí adiante.
É um país dividido até nas células familiares. Mas sobretudo dividido entre Sul, que votou em Bolsonaro, e Nordeste, ainda a fortaleza do PT.
Dividido, grosso modo, entre ricos, que preferiram o capitão, e pobres, fiéis a Lula da Silva.
Dividido até, porque não, entre católicos, que no Brasil são uma faixa menos conservadora da população, e evangélicos, em peso ao lado do Messias Jair Bolsonaro.
Voltam, entretanto, as propagandas e os debates na TV, a indústria colossal das fake news nas redes sociais e os insultos "fascista" e "comunista" nas ruas. Num barril de pólvora que durará, até dia 28, três semanas. Ou muito mais do que isso.