O governador do Banco de Portugal subscreveu as políticas do Governo, afirmando que não há motivos que justifiquem alterações na política orçamental. Vítor Constâncio reiterou ainda que não existe margem para baixar os impostos.
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O governador do Banco de Portugal subscreveu, esta sexta-feira, as políticas do Executivo, afirmando que a revisão em baixa da previsão de crescimento económico já era «esperada».
O Governo liderado por José Sócrates reviu em baixa a previsão do crescimento económico para 2008 de 2,2 para 1,5 por cento, depois de o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado que a economia portuguesa abrandou no primeiro trimestre de 2008, apresentando um crescimento real de 0,9 por cento.
«Há muito tempo que tenho sublinhado que as condições de evolução da economia internacional tinham efeitos sobre a economia portuguesa», disse Vítor Constâncio, adiantando que já tencionava rever a previsão de Janeiro, tendo em conta a «desaceleração significativa do crescimento de Dezembro até Março».
«O número que se acabou por se verificar, publicado pelo INE, é um pouco pior do que esperávamos, mas mesmo assim encontra-se dentro do que estava previsto pelo nosso indicador coincidente da actividade económica», adiantou.
Apesar de sublinhar que «é realista» Portugal adaptar as suas «previsões àquilo que são as consequências da evolução da economia internacional», o representante do Banco de Portugal disse que «não há risco de recessão na Europa nem em Portugal».
Vítor Constâncio explicou também que o número do crescimento do primeiro trimestre foi «afectado por alguns factores especiais, como o facto de a Páscoa ter sido em Março e não em Abril», já que na época em causa regista-se sempre uma «quebra na actividade económica».
Neste sentido, continuou, «os números de Março são os piores do trimestre, o que significa que o meses de Abril e Maio poderão mostrar alguma recuperação».
O governador considerou ainda que não existem motivos que justifiquem alterações na política orçamental em Portugal, remetendo outra análise ao crescimento económico para Junho, altura em que o Banco Central Europeu lança novas previsões.
O governador disse ainda que a prioridade actual é conseguir a consolidação das contas públicas e sublinhou que neste momento «não há margem para descer os impostos», nem para uma «política de aumento significativo do investimento público».
Vítor Constâncio proferiu estas declarações durante uma conferência sobre desenvolvimento económico no espaço europeu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.