O presidente francês, Jacques Chirac, tentou esta quinta-feira inverter a tendência de voto dos franceses contra a Constituição Europeia, apelando a uma «escolha com responsabilidade» no referendo de domingo.
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«A 29 de Maio, cada uma e cada um de nós deverá fazer uma escolha com responsabilidade e em consciência», afirmou Chirac, numa declaração transmitida pelas televisões e rádios.
«A decisão que está diante de nós ultrapassa de longe as clivagens políticas tradicionais. Não é de direita nem de esquerda. Não se trata de dizer sim ou não ao governo. Trata se do vosso futuro e do das vossas crianças, do futuro da França e a Europa», vincou.
Uma sondagem do jornal Le Figaro divulgada hoje, uma das últimas antes da consulta, confirma o «não» maioritário nas intenções de voto, com 55 por cento, enquanto o «sim» se fica pelos 45 por cento.
Embora saudando o «debate democrático exemplar» que decorreu nas últimas semanas sobre o Tratado Constitucional europeu, Chirac avisou os franceses de que um «não» à ratificação do Tratado provocaria «um período de divisão na Europa» e um bloqueio «à procura de um consenso impossível».
Na sua intervenção, de cerca de 10 minutos, procurou salientar alguns dos pontos positivos do documento, como o maior peso da França no Parlamento Europeu, o progresso social, a defesa dos serviços públicos e a Carta dos Direitos Fundamentais.
Para Jacques Chirac, a Constituição Europeia «é a resposta da Europa às mudanças do mundo» face à globalização e à competição económica com os Estados Unidos, o Japão, a China ou a Ìndia.
Mostrando ter entendido o descontentamento com o governo actual, Chirac prometeu, depois do referendo, «um novo impulso», para uma política mais solidária e dinâmica.
Num tom solene, Chirac qualificou o voto de domingo no referendo como uma «responsabilidade histórica que cabe a cada um de nós».