José Sócrates diz que por causa da crise internacional o Governo não tinha alternativa e por isso baixou a previsão do crescimento económico em 2008. O primeiro-ministro garante ainda assim que este acerto não põe em causa as metas orçamentais para este ano. Já o presidente da República diz que mantém a confiança na capacidade de recuperação da economia portuguesa.
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O primeiro-ministro aforma que a revisão em baixa da previsão de crescimento económico é um sinal de realismo do Governo. À partida da Venezuela, José Sócrates considera que não havia outra alternativa face à incerteza que decorre da crise internacional.
«Significa uma perspectiva realista, de quem olha para a situação com vontade de ultrapassarmos, eu tenho três anos de Governo, nunca tive um ano de facilidades, os portugueses enfrentam agora uma situação internacional de maior incerteza. É preciso fazer face a isso», salienta.
O primeiro-ministro está, no entanto, convicto de que vai ser possível cumprir o Orçamento de Estado deste ano. O país tem condições para isso porque a crise orçamental está ultrapassada.
«Mantemos a mesmo meta para 2008 e isso é muito importante. Agora o país tem melhores condições para enfrentar as dificuldades e uma das condições mais favoráveis é não ter a carga de quem tem que resolver a crise orçamental», adianta.
Também Cavaco Silva diz que as reformas estruturais que estão a ser promovidas na economia portuguesa vão permitir ultrapassar o momento de crise. O presidente da República reagiu, esta tarde, ao anúncio da revisão em baixa da previsão do Governo para o crescimento económico. Cavaco Silva acredita que Portugal tem maneira de inverter essa tendência.
«Tenho confiança quanto ao futuro. Acredito que alguma alteração estrutural que tem vindo a ocorrer na economia portuguesa dará um pouco mais de resistência face aos efeitos negativos da crise financeira. Não podemos parar o esforço de modernização para aumentar a competitividade das nossas empresas face à concorrência muito forte que vem da Ásia, do Norte de África e dos países do Leste europeu», defende Cavaco Silva.
É o comentário do presidente da República depois de o ministro das Finanças ter anunciado que o Governo reviu em baixa a previsão do crescimento económico em 2008. A estimativa do Executivo cai sete décimas, de 2,2 por cento, para 1,5 por cento.
O economista João César das Neves diz que esta situação era previsível e acrescenta que o Governo não poderia adiar por muito mais esta revisão já antecipada por várias instituições internacionais.
João César das Neves admite que ainda é cedo para se saber até quando se vai prolongar o actual cenário de crise económica internacional, mas o economista vai avisando que os portugueses não devem contar com grandes melhorias nos tempos mais próximos.