No tribunal de Marco de Canavezes, José Faria, uma das principais testemunhas no julgamento de Avelino Ferreira Torres, afirmou que foi pressionado pelo antigo presidente da câmara e que chegou a temer pela sua vida.
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Inquirido pelo Ministério Público, José Faria afirmou ter sido coagido a escrever e assinar uma carta onde se lia que o ex-autarca era uma pessoa de bem, e que as acusações anteriores de José Faria tinham sido fruto de influências do irmão e de elementos da PJ.
A carta, foi escrita depois da denúncia do caso e foi enviada para a PJ, para o juiz de Penafiel e para vários elementos da família de Ferreira Torres. Faria assegura que apenas copiou a carta porque temia pela sua vida.
Respondendo a várias questões do procurador Remízio Melhorado sobre os negócios que alegadamente executou em nome de Ferreira Torres, dizendo que contactava os proprietários dos terrenos, acertava com eles os preços e depois pagava-lhes com o dinheiro que o autarca lhe dava.
Questionada pelo procurador, a testemunha-chave admitiu que Ferreira Torres lhe emprestou quatro a cinco mil contos, ao longo de 30 anos, e garantiu que pagou tudo.
Avelino Ferreira Torres tinha dito que lhe emprestara mais de cem mil contos. Faria testemunhou também que trabalhadores da Câmara colaboraram na construção de um campo de jogos numa quinta de Avelino Ferreira Torres.
A testemunha admitiu ter desenvolvido negócios próprios no ramo imobiliário e identificou, inclusive, três empresas a que esteve ligado.
Juíza pede avaliação psiquiátrica de José Faria
Em resposta a um requerimento de Nuno Brandão, um dos advogados de Avelino Ferreira Torres, a juíza-presidente do colectivo, Teresa Silva, decidiu pedir uma perícia psiquiátrica à testemunha, no sentido de se avaliar a sua credibilidade e a sua aptidão mental para depor.
O pedido foi dirigido, com nota de muito urgente, ao Departamento de Psiquiatria do Gabinete Médico-Legal que funciona junto do Hospital de Penafiel.
Apesar deste pedido, a magistrada admitiu o testemunho de José Faria, decidindo mais tarde, em função da perícia psiquiátrica, se o considera ou não.