José Sócrates lembrou a Santana Lopes que não foi eleito para primeiro-ministro pelos portugueses nem para a presidência do PSD. No debate mensal, o líder socialista chegou a dizer que o chefe de Governo não tinha «jeito» para o cargo.
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O líder do PS decidiu atacar, no Debate Mensal da Assembleia da República, a legitimidade de Pedro Santana Lopes, lembrando que o actual primeiro-ministro nem foi eleito pelos portugueses nem por um congresso do PSD.
«O senhor primeiro-ministro nunca ganhou um congresso nem umas eleições legislativas e nenhum congresso do PSD poderá transformá-lo naquilo que não é: um primeiro-ministro escolhido pelos portugueses», disse Sócrates, que se estreou também em debate como líder do PS.
O secretário-geral dos socialistas prometeu ainda votar contra a lei do arrendamento que considerou «ligeira e leviana» e que «permitirá o despejo de muitas famílias» e defendeu as SCUT, lembrando que desta forma as auto-estradas chegaram a cidades do Interior.
Sócrates aproveitou ainda para comentar o anúncio de Bagão Félix da descida dos impostos e aumento dos salários, a que se acrescenta a contenção do défice nos três por cento, afirmando que «gelo quente não existe». «Não se pode comprar o seu estado de graça à custa do estado de desgraça dos portugueses», acrescentou.
Santana Lopes respondeu que tinha sido nomeado por decisão do Presidente da República baseada na maioria parlamentar e em pareceres do Conselho de Estado. Na réplica, Sócrates acusou Santana de «falta de jeito para primeiro-ministro».
Na sua segunda intervenção, Sócrates trouxe à discussão o caso Marcelo. «Vai ser uma nódoa que o perseguirá até ao fim, porque o que se passou foi indigno de um partido democrático», acrescentou o líder do PS.
Na resposta, Santana reiterou que não houve pressões na saída de Sócrates da TVI e lamentou que Sócrates não veja que a «economia está a crescer e que as receitas do Estado estão a aumentar». «Como a realidade não lhe convém, o PS quer viver de casos de ficção, mas os portugueses, felizmente, não querem isso», concluiu.