Investigadores portugueses lideram um estudo na Europa, para enriquecer alimentos e bebidas a partir de lixos agro-industriais. O INETI desenvolveu uma técnica para produzir ingredientes alimentares funcionais.
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Enriquecer alimentos ou bebidas a partir de lixos agro-industriais, como o carolo de milho ou as aparas de eucalipto, pode parecer um processo milagroso, mas é o resultado de um projecto europeu liderado por investigadores portugueses.
O consórcio europeu, liderado pelo INETI (Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial), desenvolveu uma nova tecnologia para a obtenção de ingredientes alimentares funcionais.
Os alimentos ou bebidas funcionais já fazem parte do quotidiano de todos aqueles que consomem alimentos como leites ou sumos enriquecidos com fibras, manteigas «pró-activas» ou iogurtes que anunciam ter «bifidus activos».
Alimentos funcionais são produtos aos quais foi «adicionado um ingrediente que, comprovadamente, promove o bem estar e a saúde humana ou previne doenças», explicou Francisco Gírio, investigador do INETI responsável pelo projecto, citado pela Lusa.
O consórcio europeu, denominado XYLOPHONE, já desenvolveu uma nova forma de produzir um tipo de ingrediente funcional, os oligossacáridos, com vantagens em relação aos existentes no mercado.
Segundo Francisco Gírio, os oligossacáridos são compostos solúveis que, entre outros efeitos, estimulam a flora bacteriana, benéfica do intestino (nomeadamente as bifidobactérias e lactobacillus), reduzindo a presença das bactérias potencialmente patogénicas e indutoras de doenças como o cancro do cólon.
Além disso, os oligossacáridos são uma fonte de doçura que contém quatro vezes menos calorias que a sacarose e não provocam cáries dentárias.
No Japão, «70 por cento das bebidas no mercado são funcionais e os Estados Unidos e Europa podem caminhar no mesmo sentido», informou o investigador do INETI.
Em Portugal, já foram submetidos dois pedidos de patente e, segundo Francisco Gírio, vender a patente a uma empresa produtora de ingredientes alimentares, pode ser a forma mais rápida e viável de implementar a tecnologia no mercado.
Além disso, o INETI tem desenvolvido contactos no sentido de fazer uma parceria industrial com uma empresa nacional na área das bebidas, o que poderá contribuir para o desenvolvimento das bebidas funcionais em Portugal.