Em Bruxelas os ministros dos 15 decidiram hoje suspender formalmente a utilização de farinhas de origem animal para a alimentação de todas as espécies.
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Os ministros da agricultura dos quinze estão ainda reunidos em Bruxelas para discutirem a proposta da Comissão Europeia de interditar temporariamente o uso de farinhas de carne e osso na alimentação de todos os animais de criação.
Entretanto, já transpirou da reunião a primeira decisão para a suspensão formal das farinhas de origem animal. Não foi uma decisão consensual pois houve a oposição da Alemanha e da Finlândia, não suficientes para bloquer a decisão. A partir de hoje estas farinhas estão proibidas na união europeia e cerca de 3 milhões de toneladas de farinhas na UE abrangidas por esta iniciativa terão que ser destruídas .
As farinhas de carne e osso já estavam proibidas na alimentação dos bovinos, a partir de agora a proibição alarga-se aos restantes animais: suínos, galináceos e peixes.
Ainda não está definida a forma como as farinhas vão ser destruídas, o comunicado de conclusões ainda não o tinha previsto.
Expectativas antes da reunião
Antes da reunião, Capoulas falou com os jornalistas tendo dito que estava convencido que o embargo às exportações de carne de vaca portuguesa seria levantado até ao próximo Verão.
Os ministros da Agricultura da União Europeia discutem e analisam a proposta da Comissão Europeia que defende a proibição das farinhas de carne e ossos na alimentação dos animais.
Capoulas Santos estava optimista e considerava possível que a UE levante o embargo à carne de vaca portuguesa antes do fim de Julho. A proposta da Comissão Europeia está a ser finalizada e o ministro acredita que poderá ser analisada pelos peritos veterinários europeus ainda em Dezembro e o embargo levantado antes de Julho.
A interdição temporária do uso de farinhas de carne e osso, trata-se de uma hipótese que Bruxelas pôs de parte durante bastante tempo, acabando por se render perante a onda de pânico em relação à BSE e face à ineficácia dos controlos sanitários nos Estados membros, que revelaram o cruzamento das rações entre bovinos e outros animais.
O facto é que, se aos ruminantes é proibido ministrar estas farinhas desde 1996, por serem apontadas como um dos veículos de transmissão da doença, o mesmo não acontece em relação a outros animais destinados à cadeia alimentar humana, como os galináceos, peixes e suínos, mas nada garante que a troca de rações não aconteça.
Portugal e o Reino Unido já introduziram esta norma e o aumento de casos da doença detectados recentemente levou a França pelo mesmo caminho. Há poucos dias, a Alemanha, que sempre tinha recusado esta hipótese, acabou por adoptá-la depois de se ver a braços com as primeiras vacas contaminadas.
A proposta de Bruxelas está, no entanto, longe de conquistar o consenso, seja por razões económicas (podem ser 600 milhões de contos de prejuízo) ou políticas, apesar de um dos quatro países que a rejeitou no Comité Veterinário Permanente, o Reino Unido, já ter afirmado que irá apoiá-la no conselho de ministros.
Na agenda dos ministros está ainda a proposta de proibição da entrada na cadeia alimentar dos bovinos com mais de 30 meses que não tenham sido sujeitos a testes, uma medida a executar já a partir de 1 de Janeiro de 2001 e que constitui uma antecipação daquilo que os Quinze já tinham acordado iniciar em Julho.
Os animais que não forem testados terão de ser destruídos, uma acção que poderá ascender a um custo de 160 milhões de contos.