As actuais biópsias podem agora ser substituídas por um simples teste sanguíneo, de modo a medir a gravidade da hepatite C. Os preços do tratamento rondam os seis mil escudos.
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Com um simples teste sanguíneo vai ser possível medir a gravidade da hepatite C. Deste modo evita-se fazer biópsias aos doentes, visto que estas são dissuadoras do tratamento. Este novo processo foi apresentado em Praga por ocasião do 36º congresso europeu da associação para o estudo do fígado.
O inventor do teste sanguíneo, Thierry Poynard, explicou que «o teste consiste na análise e na dosagem de cinco proteínas presentes em grande quantidade no sangue que constituem a memória dos mecanismos que conduzem à fibrose do fígado», disse o médico do serviço de hepato-gastrenterologia do hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris.
A maior complicação da hepatite C, a cirrose, resulta da acumulação progressiva, no fígado, de cicratizes, também chamadas fibrose. Este fenómeno ocorre em dois terços das pessoas contaminadas com o vírus da hepatite C.
Pensado para este tipo específico de hepatite, o teste sanguíneo poderia ser utilizado em outras doenças de fígado, como é o caso da hepatite B ou o alcoolismo.
Até agora não existem sintomas que permitam estimar a quantidade de fibrose no fígado e também não existia uma forma simples de a avaliar. O único método é a biópsia ao fígado, actualmente considerada como obrigatória antes de qualquer tratamento da doença.
Este exame, que obriga à hospitalização do doente e consiste em retirar uma pequena amostra de fígado sob anestesia local para a examinar ao microscópio, é muitas vezes rejeitada pelos doentes. Segundo Poynard, a biopsia provoca dores fortes em 30 por cento dos casos, acidentes graves em três por cento e a mortalidade é de três em cada 10 mil doentes.
De acordo com um estudo recente, citado por este médico, 50 por cento das pessoas portadoras do vírus, recusam fazer a biopsia, sendo por isso que apenas um número reduzido de doentes aceita tratar-se. Segundo dados oficiais, apenas 50 mil doentes se tratam e cerca de 150 mil não se sujeitam ao tratamento.
O teste, desenvolvido em colaboração com o laboratório de imunologia de tumores do Centro Nacional de Investigação Científica francês (CNRS), já foi patenteado e aguarda autorização para ser colocado no mercado. Os preços vão desde os 200 francos (cerca de seis mil escudos), sendo dez vezes inferiores aos da biópsia e à hospitalização a que esta obriga.