Anselmo Crespo

subdirector

Anselmo Crespo

Tiros no pé

Como se o país não tivesse já o suficiente com que se preocupar, a última semana foi passada a discutir se faz ou não sentido que um primeiro-ministro integre a comissão de honra de um candidato às eleições de um clube. A resposta pode ser dada já: não faz. Mas vale a pena olhar para a forma como António Costa geriu mais esta crise e, sobretudo, para a essência do problema. A maioria de nós tem uma preferência clubística, uma tendência política, pode acreditar ou não em Deus. Qualquer escolha é individual e deve ser vivida em total liberdade. Mas há cargos e funções que desempenhamos que nos devem obrigar a um particular recato. Em nossa defesa, mas, sobretudo, em defesa das instituições que representamos.

Anselmo Crespo

O jeito que Ana Gomes dá a Marcelo

A incerteza que esta pandemia trouxe aos nossos dias inviabiliza qualquer prognóstico certeiro sobre o futuro político, económico ou social. Tudo é verdade até ser mentira. Tudo é certo até se tornar incerto e nos obrigar a uma adaptação repentina. E é neste contexto que o país entra na discussão de um Orçamento do Estado para 2021, um ano que ainda ninguém sabe o que nos reserva. Ou numas eleições presidenciais que podem tornar-se numa espécie de teste do algodão à democracia portuguesa.

Anselmo Crespo

O Estado e a comunicação social

Se olharmos para a forma como os sucessivos governos trataram a comunicação social nas últimas décadas e, sobretudo, para o chamado serviço público, dificilmente conseguiremos levar algum partido do chamado arco da governação muito a sério. Os que não tentaram influenciar, manipular e condicionar jornais, rádios e televisões não tiveram qualquer visão sobre o setor ou decidiram atirar para debaixo do tapete um assunto que queima e que acabava "enterrado" no Ministério da Cultura, entregue a ministros que percebem tanto de comunicação social como eu percebo de lagares de azeite.

Anselmo Crespo

Marcelo, a pandemia e as presidenciais

O vírus que nos mudou a vida há de mudar também muita coisa na política. Cá dentro e lá fora. Trump tem a reeleição em risco. Bolsonaro, a continuar assim, pode nem sequer chegar às próximas eleições. No Reino Unido, Boris Johnson vai-se aguentando por falta de comparência do adversário. E em França - só para dar alguns exemplos - Macron não precisou propriamente da pandemia para se estampar de frente contra uma parede, mas lá que levou um valente empurrão, isso levou.

Anselmo Crespo

Não nos TAPem os olhos

A minha primeira grande viagem de trabalho foi ao Brasil, pela TAP e por causa da TAP. A companhia aérea - à época gerida por Fernando Pinto - falhara a compra da brasileira Varig, mas tinha conseguido adquirir a VEM (Varig Engenharia e Manutenção), com oficinas em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Apesar de altamente deficitária, a confiança da administração da TAP na recuperação da VEM era enorme. E o orgulho nesta "conquista" era claramente desmesurado, como se viria a confirmar mais tarde.