

Anselmo Crespo
subdirector
Artigos publicados


O jeito que Ana Gomes dá a Marcelo
A incerteza que esta pandemia trouxe aos nossos dias inviabiliza qualquer prognóstico certeiro sobre o futuro político, económico ou social. Tudo é verdade até ser mentira. Tudo é certo até se tornar incerto e nos obrigar a uma adaptação repentina. E é neste contexto que o país entra na discussão de um Orçamento do Estado para 2021, um ano que ainda ninguém sabe o que nos reserva. Ou numas eleições presidenciais que podem tornar-se numa espécie de teste do algodão à democracia portuguesa.

Deus perdoa... tudo?
A expressão, recorrentemente usada entre os católicos, serve, normalmente, para expiar os pecados dos crentes e será, porventura, uma das suas maiores provas de fé. Mas repetir várias vezes, para dentro, que "Deus perdoa", resolve tudo?

O Estado e a comunicação social
Se olharmos para a forma como os sucessivos governos trataram a comunicação social nas últimas décadas e, sobretudo, para o chamado serviço público, dificilmente conseguiremos levar algum partido do chamado arco da governação muito a sério. Os que não tentaram influenciar, manipular e condicionar jornais, rádios e televisões não tiveram qualquer visão sobre o setor ou decidiram atirar para debaixo do tapete um assunto que queima e que acabava "enterrado" no Ministério da Cultura, entregue a ministros que percebem tanto de comunicação social como eu percebo de lagares de azeite.

Os quatro grandes desafios da nação
Dificilmente encontraremos na história uma oportunidade tão boa para olharmos para o passado, para o presente, mas, sobretudo, para o futuro. Foi uma pandemia, podia ter sido outra coisa qualquer, mas se há, no momento que vivemos, alguma lição cósmica é a de que não podemos continuar a ser o que somos. E, para isso, precisamos de vencer, pelo menos, cinco grandes desafios.

Ai aguenta, aguenta
À morte ninguém escapa,
Nem o rei, nem o papa,
Mas escapo eu.
Compro uma panela,
Custa-me um vintém,
Meto-me dentro dela
E tapo-me muito bem,
Então a morte passa e diz:
Truz, truz! Quem está ali?
Aqui, aqui não está ninguém.
Adeus meus senhores, passem muito bem.

Marcelo, a pandemia e as presidenciais
O vírus que nos mudou a vida há de mudar também muita coisa na política. Cá dentro e lá fora. Trump tem a reeleição em risco. Bolsonaro, a continuar assim, pode nem sequer chegar às próximas eleições. No Reino Unido, Boris Johnson vai-se aguentando por falta de comparência do adversário. E em França - só para dar alguns exemplos - Macron não precisou propriamente da pandemia para se estampar de frente contra uma parede, mas lá que levou um valente empurrão, isso levou.

Não nos TAPem os olhos
A minha primeira grande viagem de trabalho foi ao Brasil, pela TAP e por causa da TAP. A companhia aérea - à época gerida por Fernando Pinto - falhara a compra da brasileira Varig, mas tinha conseguido adquirir a VEM (Varig Engenharia e Manutenção), com oficinas em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Apesar de altamente deficitária, a confiança da administração da TAP na recuperação da VEM era enorme. E o orgulho nesta "conquista" era claramente desmesurado, como se viria a confirmar mais tarde.

Perder o medo e perder a mão
Numa rápida ida ao mercado para comprar peixe, um casal de idosos - de máscara, mas com o nariz de fora - demorou a aperceber-se da minha dança. À espera de vez, fui-me afastando para a direita ou para a esquerda, a cada aproximação, tentando manter a distância de segurança. Ao fim de uns minutos, quando a senhora finalmente se apercebe das minhas movimentações, diz, perentória: "Isto agora já não há nada, já passou tudo!"
