

Inês Cardoso
Artigos publicados


Violência doméstica: é favor não desviar o olhar
Lindora, de 71 anos, foi agredida pelo marido com um martelo. Narciso, de 76 anos, suicidou-se de seguida. Quando na redação discutíamos a abordagem a este caso e o título da notícia, gerou-se um debate sobre a violência das palavras. E acabámos silenciados pela tirada de um colega: espantam-se mais com a violência das palavras do que com a brutalidade dos crimes.

O que não aprendemos com Pedrógão
Sabemos que não é fácil inverter o ciclo de esvaziamento do Interior e seria quase impossível acreditarmos que, após os incêndios de 2017, o país mantivesse o olhar posto em territórios como Pedrógão Grande. Terminado o horror com que vivemos aqueles dias, um horror que acabaria por se repetir em outubro do mesmo ano noutras zonas do país, no fundo todos sabíamos que os concelhos do Pinhal Interior continuariam a perder população, a envelhecer, a sentir em toda a atividade económica os efeitos do abandono.

Dividir para ninguém reinar
Não era preciso bola de cristal para percebermos que a descentralização tinha tudo para sair dos eixos e entrar em roda livre. As críticas foram-se sucedendo, ano após ano. O fosso entre municípios e Governo parecia destinado a ser cada vez mais fundo. E pelo meio outra frente de batalha visando a incapacidade negocial da Associação Nacional de Municípios Portugueses tornou ainda mais estreita a margem para que o processo de transferência de competências da Administração Central para as câmaras seja bem-sucedido.

A desigualdade que mata
Os números são muitas vezes frios e distantes das pessoas, mas há em contrapartida os que fornecem retratos avassaladores do mundo e dos seus desequilíbrios. É o caso dos valores que constam do relatório da organização não-governamental Oxfam, apresentado esta terça-feira no Fórum Económico de Davos, na Suíça, e que mostram o fosso cada vez mais fundo entre os muito ricos e os que lutam diariamente pela sobrevivência.

Ética no desporto: uma conjugação difícil
Três membros do Governo (o ministro da Administração Interna e dois secretários de Estado, incluindo o que tutela o Desporto) receberam ontem o presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, para discutir o combate à violência associada ao desporto. Após o encontro foi reafirmado o empenho comum em retomar as medidas introduzidas em 2019, e colocadas em pausa pela pandemia, quando o público esteve afastado dos estádios.

Aborto: vigiar e punir
Há uma linha de argumentação técnica que parece fazer sentido. O aborto tem um impacto negativo na saúde física e mental da mulher e pode ser visto como uma fragilidade do planeamento familiar. Logo, tudo deve ser feito para o evitar. É com base neste argumento que foi proposta a inclusão, nos critérios de avaliação dos médicos de família e das equipas nas Unidades de Saúde Familiar, da existência de casos de aborto. Este modelo prevê uma remuneração variável associada ao cumprimento de critérios pré-estabelecidos que, a ser aprovada a proposta, não será atribuída quando tiver havido interrupções voluntárias da gravidez (IVG) nos 12 meses anteriores à avaliação.

Proximidade: complicar o que parecia simples
É provável que a generalidade dos portugueses se sinta perdida no processo de descentralização de competências e as queixas dos autarcas soem algo repetitivas. Para quem desconhece os pormenores do dossiê, que tanta tinta tem feito correr e cuja discussão se prolonga há anos, sobra quase sempre a mesma expressão, em jeito de síntese: falta um "envelope financeiro" ajustado às novas competências que a Administração Central está a transferir para os municípios.

Liberdade de expressão ou monstros feitos de palavras
O Twitter comunicou na segunda-feira que aceitou vender a plataforma a Elon Musk, num negócio que ronda os 44 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros). Em menos de um mês, o multimilionário tornou-se um dos maiores acionistas da rede mais politizada do Mundo, recusou um lugar no conselho de administração e fez uma licitação para comprar a empresa.
